Por bferreira

Rio - Não mereceu o devido destaque, a aprovação da Lei 6.788, no mês de maio aqui no Rio, que proíbe o fornecimento de qualquer produto servido em restaurantes, bares, lanchonetes e estabelecimentos congêneres sem a prévia solicitação do consumidor. Pela nova regra, se os clientes não pedirem expressamente, não podem ser servidos, por exemplo, o couvert, os refrigerantes, as bebidas alcoólicas, as sobremesas e os cafezinhos.

Não faz muito tempo, a maioria desses itens era cortesia. Hoje, tudo é cobrado e custa caro. O problema é que os estabelecimentos usam artifícios para induzir ou constranger o cliente a consumir e a gastar.

Vários restaurantes, logo depois que você se senta à mesa, após enfrentar a fila de domingo, distribuem vários itens do couvert na mesa, mesmo sem que qualquer um tenha sido pedido. Com a fome batendo fundo é difícil recusar, principalmente, quando os filhos pedem.

Outro truque é levar um carrinho de drinks bonitos e coloridos ou de sobremesa até a sua mesa. Seja para abrir o apetite com uma caipirinha ou para fechar a refeição com uma apetitosa torta de chocolate.

Na Europa, em diversos países, a legislação obriga que seja servido graciosamente na mesa uma garrafa de água filtrada. No Brasil, até a água não é mais grátis, tudo virou item de venda e de lucro para os estabelecimentos. O que mais me incomoda, no entanto, é o cafezinho. Bebida padrão do brasileiro que sempre foi uma cortesia ao fim da refeição. Hoje, só existe a opção do café expresso, que custa de R$ 3,50 a R$ 7, dependendo do local.

Outro dia pedi um café coado tradicional e grátis. O garçom do restaurante me disse que podia fazer um expresso carioca (diluído em água), mas que seria cobrado. Por isso tudo, sinto falta dos tempos antigos em que uma rede de supermercados que não existe mais, tinha como mote para atrair clientes oferecer água gelada e cafezinho grátis.

Nem degustação de cafezinho existe nos supermercados que sobreviveram. A nova lei deve ser divulgada, antes que resolvam cobrar pelo guardanapo também.

Professor de Finanças do Ibmec e da Fundação Dom Cabral

Você pode gostar