Por tamara.coimbra

Rio - A Rússia vai aumentar a importação de carne do Brasil. A informação foi dada nesta quinta-feira pelo ministro da Agricultura daquele país, Nikolai Fyodorov. Segundo ele, os russos vão compensar a proibição de importação de alimentos e produtos agrícolas da União Europeia e dos Estados Unidos com maior fornecimento de carne do Brasil e queijo da Nova Zelândia.

As declarações foram feitas horas após o governo russo anunciar que proibiu a importação de frutas, vegetais, carnes, peixes e laticínios dos Estados Unidos, União Europeia, Austrália, Canadá e Noruega.

Consumidor brasileiro vai notar o aumento das exportações com a alta dos preços nos açougues de cortes como o peito e o acémDivulgação

A decisão acontece após um decreto assinado pelo presidente russo, Vladimir Putin, ordenando ao governo proibir ou limitar importações de alimentos de países que impuseram sanções a Moscou por seu apoio aos rebeldes no leste da Ucrânia e pela anexação da Crimeia.

“Não há nada bom em sanções e não foi uma decisão fácil, mas tivemos que fazer isso”, disse o primeiro-ministro da Rússia, Dimitry Medvedev. A proibição é válida desde ontem e vai durar um ano.

UMA REVOLUÇÃO NO BRASIL

O mercado da Rússia para as carnes brasileiras, que deverá ganhar ainda mais importância agora, poderá representar uma revolução para a indústria nacional comparável à que a China provocou nas exportações de soja do Brasil na última década, disse o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Seneri Paludo.

Economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FVG), André Braz diz que provavelmente não faltará carne para o consumo nacional, mas o alimento pode ficar mais caro. “Quando a exportação aumenta os preços domésticos podem subir, principalmente de cortes dianteiros, como peito e acém, por conterem mais gordura e satisfazerem os costumes de outras nações”, explica.

Safras recordes de trigo e milho

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) elevou as previsões para safra de trigo do Brasil, que deve atingir recorde em 2014, e para a segunda safra de milho 2013/14, com um volume cada vez mais próximo da marca histórica do ano passado. A safra de trigo, que já foi plantada e está em fase de desenvolvimento no Sul do país, deverá ser de 7,5 milhões de toneladas, ante 7,4 milhões da previsão de julho e 36% acima da safra 2013.

O recorde é impulsionado por um aumento de 21% na área e ganhos de 12% na produtividade. Na temporada passada, muitas lavouras do Paraná foram duramente afetadas por chuvas e depois geadas, o que derrubou os rendimentos naquele ano. Com uma recuperação em 2014, a produtividade paranaense deve crescer 56%, alçando o estado novamente à condição de líder da produção.

País tem como atender demanda russa por frango

A indústria de carne de frango do Brasil tem condições de atender “tranquilamente” uma demanda adicional da Rússia, decorrente de um embargo russo ao produto norte-americano, disse o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra.

Ele afirmou que o Brasil teria condições de exportar adicionalmente 150 mil toneladas de carne de frango ao ano para a Rússia, cobrindo cota destinada aos EUA.

“As 150 mil (que os EUA vendem à Rússia) poderiam ser nossas", afirmou Turra, lembrando que o Brasil já exportou mais de 300 mil toneladas aos russos. Ano passado, as vendas do país à Rússia atingiram 60 mil toneladas. O Brasil é o maior exportador global de carne de frango, tendo entre as principais empresas do setor a BRF e a JBS que também tem importante operação nos EUA.




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