Por bferreira

Rio - Entre o povo conectado, meio mundo anda torcendo o nariz para o app Secret, enquanto o outro meio mundo está curtindo a brincadeira. Que, aliás, é absolutamente boba. Usando um ambiente parecido ao do Instagram, você publica o que quer, e ninguém fica sabendo quem publicou. Pode ser foto, pode ser texto, texto com foto. Esse sistema é um convite a um vasto repertório de aleivosias, calúnias, pornografia e afins. Mas, justamente por conta do anonimato, é como rabiscar porta de banheiro público. Qual a graça? Não sei exatamente.

Qual a graça de rabiscar porta de banheiro%3FArte%3A O Dia

Sei que tem gente reclamando, querendo derrubar o app. Um jovem de São Paulo alega que publicaram sua foto nu, e quer que a Justiça proíba o Secret. Ninguém sabe quem postou a foto, e pode até ter sido ele mesmo. Basta pesquisar um pouco, e você encontra muitos segredos feios...

Seja como for, esse tipo de comportamento leviano estaria agredindo privacidade, Constituição, Marco Civil da Internet e o Código do Consumidor. E o bom senso, claro, mas esse não é exatamente o forte da internet, como sabemos.

Do ponto de vista de negócios, a questão é: como o Secret vai sobreviver? Dá para anunciar algo ali?

O Instagram, por exemplo, virou canal importante para inúmeras grifes de renome, de Valentino a Porsche, de Reuters a Nikon, e por aí vai. Todos querem estar num ambiente ‘saudável’, onde a convivência entre os usuários é saudável e todo mundo parece feliz. É disso que vivem as redes sociais, e não por causa de polêmicas eventuais e processos judiciais cabeludos.

Mas você associaria a marca da sua empresa a uma comunidade que, a rigor, não tem nada de útil? Essa questão é fundamental para a própria sobrevivência do Secret, que exacerba aquela velha história: tem muita gente que só se garante no anonimato, em meio a outras tantas pessoas anônimas. E quem for atacado que se vire. Muito feio isso.

QUAL É A SUA?

Homem ou mulher? Menino ou menina? Ora, esse negócio de marcar seu sexo como masculino ou feminino é coisa do passado. O Facebook já oferece, em países como EUA e Espanha, nada menos que 71 opções para que você identique o seu gênero. Agora são os argentinos, que terão 56 opções do tipo ‘poliamoroso’, ‘neutro’, ‘transfeminina’, ‘transmasculino’, ‘assexuado’, ‘pangênero’, ‘bigênero’, ‘gênero fluido’, ‘inter-sexo’, ‘não binário’ e ‘outro’, seja lá o que isso signifique. A vida é curta.

E TALVEZ NÃO SEJA À TOA...

...que o Papa Francisco tenha dito, semana passada, que não vale a pena perder tempo com internet, smartphones e televisão. O bom mesmo é investir em atividades que sejam mais produtivas para todos. Tem a ver. Mas claro que só ficamos sabendo das palavras do bom homem graças à eficiente equipe do papa, que sabe muito bem usar a internet, os smartphones e a televisão.

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