Rio - Quase 45% dos brasileiros cientes de que pagam algum tipo de imposto no país desconhecem, contudo, que os tributos estão embutidos no preço de produtos e serviços que consomem, revela uma pesquisa da Fecomércio-RJ/Ipsos, divulgada pelo site iG. O estudo aponta que o cidadão percebe bem mais a incidência de impostos municipais (69%), como IPTU e taxas de lixo e de iluminação, do que os tributos indiretos, diluídos nas mercadorias.
“A maioria da população conhece a incidência dos impostos pagos diretamente, enquanto boa parte se esquece dos impostos diluídos no consumo do dia a dia, como a tarifa do ônibus, a compra no supermercado ou um jantar no restaurante”, comenta Christian Travassos, economista da Fecomércio-RJ.
Entre os que sabem da incidência, a imensa maioria pensa que paga mais impostos pelo consumo de itens que, na verdade, não são os mais tributados. Alimentos, conta de luz e vestuário foram citados por nove em cada dez pessoas quando perguntadas sobre quais tributos mais pesam no bolso.
Porém, quanto mais essencial ao consumo, menos tributado será o produto ou atividade, explica o presidente-executivo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), João Eloi Olenike. “E quanto mais supérfluo e desnecessário o item, mais tributos incidirão sobre ele”, explica.
Os alimentos mais essenciais ao consumo tendem a ser mais desonerados. Um saco de arroz com preço de R$ 5 terá R$ 0,85 destinados aos cofres públicos (17%). Um frasco de mostarda, mais dispensável no prato do brasileiro, tem incidência de 40% sobre o preço pago pelo consumidor.
Bebidas alcoólicas, cigarro e produtos eletrônicos são os que mais encarecem por seu caráter supérfluo. Um maço de cigarros de R$8 tem R$ 6,4 pagos só em tributos. Para Olenike, do IBPT, os critérios que determinam quais produtos e serviços são essenciais estão desatualizados e precisariam de uma revisão.
“O forno de micro-ondas ainda é muito tributado por ser considerado supérfluo, mas passou a ser um item indispensável”, diz. O computador é outro exemplo: é considerado supérfluo, apesar de ser uma ferramenta não só de lazer, mas de trabalho.