Por thiago.antunes

Rio - O coordenador do AfroReggae, José Júnior, prestou depoimento na Divisão de Homicídios sobre a morte de Francisco Paulo Tostes Monteiro, o Tuchinha, ex-chefe do tráfico de drogas da Mangueira. Segundo o delegado que apura o caso, seus esclarecimentos podem ajudar a solucionar o crime. Uma das hipóteses em investigação é a de que a morte da vítima tem relação com o tráfico de drogas.

José Júnior esteve na DH por mais de cinco horas, entre a manhã e a tarde desta sexta-feira. Ao sair da delegacia, o coordenador do AfroReggae disse que a polícia pediu que não comentasse mais sobre o caso para não atrapalhar as investigações. Ele se limitou a dizer que revelou aos investigadores tudo o que sabe sobre o caso. Na terça-feira, dia do assassinato, José Júnior afirmou saber quem era o mandante do crime. Ainda de acordo com ele, há muita coisa a ser dita e tudo será revelado no momento certo: “Assim que eu puder eu falo tudo e mais um pouco”.

José Júnior saiu sorridente de seu depoimento na Divisão de Homicídios José Pedro Monteiro / Agência O Dia

De acordo com o delegado Alexandre Herdy, responsável pelo inquérito, ainda é cedo para confirmar qualquer informação, mas a possibilidade de Tuchinha ter sido assassinado por ter voltado ao tráfico de drogas está sendo apurada. Outra hipótese é ele ter sido morto por vingança de seus antigos comparsas do Comando Vermelho, facção da qual fazia parte. O delegado afirmou que alguns depoimentos ainda serão colhidos, mas que o prestado por José Júnior, que deixou a delegacia sorridente, ajudará muito na investigação.

O AfroReggae divulgou um vídeo em que presta homenagem a Tuchinha, que nos últimos tempos trabalhava para o grupo dando palestras para jovens, dando seu exemplo de vida.
No vídeo do AfroReggae, Tuchinha conta um pouco da sua história no tráfico e diz que não vale a pena “entrar nessa vida”.

Tuchinha%3A morto a tiros na terçaFabio Gonçalves / Agência O Dia

José Júnior contou que a morte de Tuchinha abalou a todos, pois dentro do AfroReggae, ele era considerado o caso de egresso do crimeque mais tinha dado certo. “Ele foi o maior símbolo de recuperação do meu projeto”, comentou José Júnior.

Mangueira vive clima de apreensão

A morte de Francisco Paulo Testas Monteiro, o Tuchinha, ainda deixa os moradores da Mangueira aflitos. Uma das linhas de investigação da polícia é sobre um possível apoio que ele estaria dando a uma facção criminosa que pretende tomar o controle da venda de drogas do grupo criminoso que atua na comunidade. Para os moradores, sempre que há este tipo de mudança, que geralmente é muito violenta, toda a rotina do local é alterada.

Segundo a Polícia Civil, a venda de drogas no Complexo da Mangueira está sob o controle do Comando Vermelho. Depois da implantação da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), os traficantes perderam força.

Tuchinha, que é ex-integrante da quadrilha que ainda dá as cartas no tráfico local, entrou para o grupo cultural AfroReggae após sair da cadeia. Mas a polícia investiga a possibilidade de ele não ter abandonado seus vínculos com o tráfico.

Segundo esta hipótese, Tuchinha teria se aliado a traficantes da facção Amigos dos Amigos ou do Terceiro Comando Puro. Ele foi atingido por cinco tiros de pistolas calibre 40 e 45, na tarde de terça-feira, no Morro do Telégrafo.

Você pode gostar