Por felipe.martins

Rio -  Os descontos do comércio, que devem chegar a 75% este ano, vão atrair 76% dos internautas brasileiros para a 5ª edição da Black Friday 2014. O evento que ocorre no país dia 28 de novembro reúne empresas que fazem promoções pela internet. Mas especialistas alertam para as “pegadinhas” dos preços, que sobem dias antes da feira e baixam para dar a impressão dos descontos. Assim, a orientação é prestar a atenção e pesquisar antes de comprar.

Os eletrônicos devem puxar as vendas. Segundo pesquisa da Opinion Box em parceria com o portal Mundo do Marketing, a maioria dos entrevistados (40%) vai gastar acima de R$ 500 com equipamentos. Em 2014, a expectativa é de faturamento de R$ 770 milhões, alta de 217% em relação a 2013.

O publicitário Geovanni Dilonardo, 44 anos, é um dos consumidores que vai aproveitar. “Ano passado, comprei na Black Friday uma TV de 32 polegadas por R$ 1 mil, que antes estava R$ 1,2 mil”, diz. “Quero comprar outra do mesmo tamanho, mas por preço menor”.

Geovanni Dilonar tem aparelhos eletrônicos para trabalho e uso pessoal. Sua nova aquisição será uma TV%2C que pretende comprar na promoçãoHelio Almeida / divulgacao

O evento atrai consumidores que já pensam nos presentes de Natal. Nesse grupo, 27% vão antecipar as compras de fim de ano. Outros 38% vão realizar sonho de consumo que desejam há bastante tempo. Entre quase todos os entrevistados (95%), a única certeza é que vão monitorar os preços do que pretendem adquirir.

A empresária Meg Sousa, 33 anos, também já comprou na Black Friday. Comprou telefone celular. “Estava R$ 2,3 mil e paguei R$1,7 mil”, conta. Porém, o aparelho estava por R$ 1,9 mil no ano passado. Mesmo assim, Meg vai acompanhar as promoções. “Não preciso de nada, mas vou ver os preços”, relata a empresária.

Especialista em e-commerce e comportamento digital do consumidor, Fatima Bana orienta pesquisar antes de comprar na primeira promoção que aparece. “É preciso acompanhar os preços uma ou duas semanas antes para saber se o desconto é o que está sendo oferecido. Além disso, é possível encontrar preço menor e lojas que oferecem parcelamentos”, explica.

Pesquisar o produto faz o consumidor não ser vítima do “dobro pela metade do preço”, como eram chamadas as maquiagens de descontos nas edições anteriores da Black Friday. Com as constantes reclamações, os comerciantes são orientados a evitar problemas para não perder a credibilidade.

“A gente identificou que 41% já participaram de outras edições. A maioria viu vantagens e alguns consumidores, que relataram problemas, disseram que voltarão a comprar”, afirma Felipe Schepers, diretor de operações da Opinion Box.

Segundo o Schepers, como houve muitas reclamações sobre propaganda enganosa, este ano terá maior fiscalização por parte dos clientes. “Não adianta a empresa anunciar desconto mascarado, porque as pessoas estarão mais atentas”, confirma o diretor.


Desconto estimula compra por impulso

O primeiro cuidado que o consumidor deve ter ao comprar em liquidações como a Black Friday é identificar se o produto está realmente em promoção. Caso não esteja, é caracterizado como publicidade enganosa e o estabelecimento pode ser penalizado. Mesmo com ofertas reais, no entanto, deve-se tomar atenção com as aquisições para não exceder o orçamento nem se arrepender depois.

O Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) informa algumas dicas para ajudar o cliente a não se endividar. Uma é evitar compras por impulso. Outra é em caso de redução no preço por defeito, a informação deve ser prévia e clara. Além disso o defeito não pode comprometer o funcionamento, o uso ou a finalidade do produto. No caso de aquisição de um serviço, atenção ao contrato.

Vale lembrar que o desconto nos preços não exime os estabelecimentos de observarem a legislação que protege o consumidor. A lei garante que, no caso de o produto defeituoso não ser trocado ou ter o problema resolvido pelo vendedor ou fabricante dentro de 30 dias, o consumidor poderá escolher entre três opções: exigir a troca por outro produto idêntico, exigir a devolução integral do dinheiro ou o abatimento proporcional do preço.

Ainda pela legislação, compras feitas fora de lojas físicas — como é o caso das efetuadas pela internet — podem ser canceladas mesmo que o produto não apresente qualquer defeito, desde que dentro do prazo de sete dias contados a partir da data da entrega. Mesmo que a empresa declare ter uma política de trocas no momento da venda (o que é bastante comum), não poderá deixar de garantir o direito de arrependimento em sete dias.

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