Rio - A última loja que funciona como locadora de vídeos no meu bairro anunciou que vai fechar as portas. A receita caiu nos últimos tempos e os custos, como o aluguel do espaço, só cresceram. O negócio que já foi muito lucrativo, hoje está no vermelho.
Ao longo de mais de 20 anos o setor passou pelas fitas VHS, pelo DVD e pelo blu-ray, mas não está resistindo a TV cabo e plataformas on line para baixar filmes na TV de casa, no computador e nos tablets. Lembro-me de que há anos era uma diversão ir à locadora no fim de semana e ficar lendo as sinopses dos filmes nas caixinhas das embalagens e escolher a programação da família.
Normalmente saía com os filmes e ainda comprava suco e pipoca de micro-ondas. Hoje todos os blu-rays da loja estão à venda por R$ 9, cada um. Verdadeira pechincha. Saudosismo à parte, o fechamento da loja de locação de filmes é exemplo de uma das característica do capitalismo, que é a mudança dos hábitos dos consumidores em função da difusão de tecnologias mais modernas. O produto a ser vendido não é mais físico, mas um download de alguma plataforma interativa. Pode ser filme, livro ou um show.
Para ter esse novo produto não é preciso sair de casa e ir à loja ou a qualquer lugar. Basta ter bom acesso à internet e um cartão de crédito. Aceito com naturalidade a modernidade, mas tenho dúvidas se a compra virtual vai destruir as outras formas físicas de consumo. Assim como os discos de vinil que foram dados como extintos e hoje são cobiçados.
Não curto os livros digitais, porque gosto muito de folhear a obra e rabisca-la. Mas a minha estante vai continuar repleta de DVDs e blu-rays, principalmente de musicais e filmes clássicos.
Gilberto Braga é Professor de Finanças do Ibmec e da Fundação Dom Cabral