Rio - Boa concentração de instituições de ensino e de pesquisa, mercado local com poder de compra, grandes empresas instaladas, economia e turismo fortes, infraestrutura razoável e, acima de tudo, o estilo de vida carioca. Esses são alguns dos pontos destacados por aqueles que atuam no desenvolvimento e querem tornar a Cidade do Rio de Janeiro na capital do empreendedorismo do país.
Estudo promovido pela Endeavor, organização de fomento da atividade, destacou os principais pontos positivos e os desafios do município, a segunda cidade mais populosa e responsável por 5% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.
“Principal destino de turistas, o Rio é uma cidade acolhedora e agradável de se viver. Além disso, possui uma mão de obra qualificada e um centro universitário forte. Tudo isso reunido mais as ações desenvolvidas pelos governos locais estão transformando a cidade”, diz o coordenador da pesquisa da Endeavor, João Melhado.
Segundo ele, a concentração de centros universitários, capacitando a mão de obra; o conjunto de grandes empresas; além do mercado consumidor, proporcionado pela renda acima da média da população, criam as condições para o desenvolvimento de empresas na cidade. Além disso, o governo estadual, por exemplo, recentemente lançou o programa Startup Rio, uma incubadora que reúne 50 projetos inovadores de tecnologia. Já a prefeitura possui a Rio Negócios, uma agência de promoção de investimentos para toda a cidade.
“Ao mesmo tempo que o próprio estilo de vida (lifestyle) carioca é um dos motivos para a promoção de novos negócios na cidade, também é um desafio para o empreendedorismo. É que, segundo o estudo, boa parte dos empreendedores cariocas afirma não ter problemas em desenvolver suas empresas”, lembra Melhado.
No entanto, enquanto a média nacional de empresas de alto crescimento é de 8% (há aquelas que se desenvolvem 20% ao ano durante três consecutivos), no Rio, o índice é de 6,3%. A alta burocracia tanto para abrir uma empresa quanto para encerrá-la também foi apontada como um dos desafios a serem melhorados no município, mesmo sendo um problema nacional.
Secretário estadual de Ciência e Tecnologia do Rio, Tande Vieira destaca que o estado vem se preparando para ter uma cultura organizacional voltada para a inovação. “A gente pode comprar tecnologia e desenvolver a capacidade tecnológica. Porém, temos que ter uma cultura direcionada para a inovação. E é isso que estamos promovendo com o Startup Rio”, afirma.
Investir em capacitação
Orientador do Ibmec Júnior, célula do Centro de Empreendedorismo Ibmec/RJ(CEI), Luiz Fernando Barbieri diz que, apesar dos pontos fortes para empreender no Rio, ainda há uma desigualdade entre o conhecimento e a vontade de empreender. “Como falta uma qualificação, o turnover (rotatividade de pessoal) é grande, fazendo com que muitos negócios não avancem na cidade.
“É importante ao pensar em empreender, desenvolver pessoas que se comprometam com o projeto. É necessário ter um modelo de gestão. Além disso, a inovação também é importante, assim como saber se adequar a realidade do momento de cada tipo de negócio”, destaca o professor de Administração de Empresas do Ibmec/RJ.
O coordenador do estudo da Endeavor, João Malhado, diz que é fundamental investir em cadeias produtivas, aproximando as grandes empresas dos empresários iniciantes, além dos investidores de empresas-anjo, para formar as empresas nascentes (startups).
“É necessário criar a conexão entre os grandes players e as pequenas empresas. Estas podem ser grandes fornecedores de produtos e serviços”, afirma Malhado.
NOVIDADES
BENI
Empresa nascente incubada no programa Startup Rio, que desenvolve uma plataforma online voltada para o varejo. “É um sistema para as lojas de varejo fidelizarem os clientes a cada compra por meio de um aplicativo para celular”, afirma o microempresário Jeizzon Mendes, 24 anos. Segundo ele, a cada compra, o aplicativo faz o resgate dos pontos ou benefícios.
“A burocracia ainda é um impedimento para o empreendedorismo. Afinal, o empresário iniciante acerta e erra. Então abrir e fechar uma empresa deveria ser bem mais simples”, diz o sócio da Beni.
Segundo ele, é importante que haja mais investidores acreditando e financiando novos projetos e não apenas, colocar os recursos no mercado financeiro, pouco produtivo.
LOCAL WANDER.COM
Outra empresa nascente que está em formação no Startup Rio, da Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia. Conforme a sócia-fundadora, Carolina Zarur, 26 anos, o projeto desenvolve uma plataforma para aproximar turistas, que querem conhecer o Rio, dos verdadeiros cariocas.
“É uma plataforma que conecta o turista ao carioca, com informações típicas e interessantes da cidade, sem ser aquela coisa voltada só para o turista gringo. É como se ele tivesse um amigo, dando dicas legais para ele”, diz Carolina.
Por enquanto, o sistema funciona pela rede social Whatsapp, que roda pelo celular, mas em breve terá um aplicativo próprio. “As incubadoras são importantes para aproximar os diversos projetos que estão sendo criados”, afirma.
