Rio - O dólar fechou ontem em queda de 2,3%, a maior baixa em quase um ano, e a bolsa subiu 2,42%. O pregão foi marcado por fortes especulações eleitorais, que levaram alguns investidores a reduzirem as apostas na reeleição da presidenta Dilma Rousseff (PT) e outros admitirem que a eventual vitória da petista já foi absorvida pelo mercado financeiro. Na queda de braço entre uma e outra corrente, a única certeza é que a segunda-feira será marcada por movimentos desorientados.
“O mercado não sabia o que fazer para se preparar para a eleição no domingo e acabou reagindo a qualquer boato que circulou”, disse o operador de câmbio da corretora Intercam Glauber Romano, para quem a reação às eleições, na segunda, deve ser “intensa”.
“O mercado vai olhar para o discurso de quem vencer no domingo”, resumiu Alex Agostini, da Austing Rating, para quem o tom dos pronunciamentos vai ditar os negócios, sendo a vitória de Dilma marcada por cobrança de uma correção da política econômica e a de Aécio Neves (PSDB) por certa euforia ante a proposta de tomar medidas para a recuperação econômica.
“Na segunda-feira, o mercado vai olhar para 2015 e reagir ao que entender dos pronunciamentos do eleito”, disse um operador da bolsa. “O que aconteceu é que exageraram ontem (quinta, quando o dólar foi a R$ 2,51 e bolsa zerou os ganhos do ano)”, afirma Paulo Celso Nepomuceno, estrategista da corretora Coinvalores.
“O mercado deveria se ajustar. Viemos de quatro pregões de queda. Para o mercado, a vitória da Dilma já foi precificada”, completa Pedro Paulo Silveira, economista da TOV Corretora.
Esse ajuste pode ter ocorrido com o recuo de baixa no Ibovespa e a alta do dólar, analisa Luis Gustavo, da Guide Investimentos. “O movimento de bolsa de hoje (ontem) pode ser fruto da pequena correção ante as fortes quedas da semana”, explica.
O especialista também não descarta que a reportagem da revista “Veja”, em que afirma que Lula e Dilma sabiam do escândalo de corrupção na Petrobras, pode ter acalmado os ânimos dos investidores, ao menos até domingo, dia da votação. Além disso, pesquisas privadas apontam aproximação numérica entre os dois candidatos.