Rio - Recebi propaganda de uma agência de viagens oferecendo pacote promocional para época das festas de fim de ano nos Estados Unidos, com oito noites, nas cidades de Orlando e Nova Iorque, incluindo passagem aérea, hotel, carro alugado em Orlando e voo doméstico entre as cidades. Tudo isso ao custo de dez parcelas de R$ 249, sem juros, em apartamento quádruplo, totalizando R$ 2.490.
Quando comparamos com as opções de turismo no Brasil levamos um susto. Ir para os EUA custa praticamente o mesmo que passar uma semana em Porto Seguro, Maceió, Gramado ou num Hotel Fazenda em Minas Gerais. Alguém pode argumentar que lá fora a pessoa vai gastar em dólar e aqui em reais, com a alimentação e compras.
Está certo por um lado, porque o dólar se valorizou. Entretanto, por outro, se a pessoa tiver alguma reserva financeira e contabilizar que pode comprar o último modelo de smartphone, notebook e roupas de grife por 25% do que se paga no Brasil, vale mais a pena viajar para o exterior.
Pode-se até admitir que na época do Revéillon os hotéis brasileiros queiram cobrar mais pela estadia, mas isso não justifica ser mais caro viajar por aqui. O setor hoteleiro reclama da elevada carga tributária e dos preços das passagens áreas no Brasil. Fiz uma pesquisa e constatei que a reclamação procede. Mas vi também que as companhias aéreas reclamam que o combustível para avião nos voos locais é mais caro. A diferença de preços é expressiva porque nos voos internacionais, para igualar o tratamento dado no resto do mundo, o Brasil zera tributos do querosene de aviação.
Tem alguma coisa errada e o governo precisa rever a sua política para o setor. Mesmo pagando em dólar é mais vantajoso fazer turismo fora do país.
Professor de Finanças do Ibmec e da Fundação Dom Cabral.