Por bferreira
Rio - O governo está tentando mudar a regra fiscal que define o quanto ele pode gastar e precisa economizar todos os anos. Para 2014, a regra foi aprovada pelo Congresso Nacional e consta da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Como está difícil fechar as contas mesmo depois de toda a criatividade contábil, o governo encaminhou uma alteração da lei para mexer na regra do jogo. Ou seja, o governo vai poder gastar mais e economizar menos e ficará tudo certo.
O absurdo que se quer fazer na economia é algo comparável ao orçamento mensal de uma família perdulária. Como a vida está difícil, os vizinhos apertam os cintos e diminuem os gastos supérfluos, mas isso não acontece na casa dessa família.
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Todos os membro desta casa gastam à vontade, mantém um confortável padrão de vida e se orgulham disso. Na hora de pagar a prestação da casa própria, cujo valor há muito tempo é conhecido e a regra de cálculo consta do compromisso assumido em contrato com o banco, liga para o gerente e simplesmente diz: “Amigão, não vai dar para liquidar a prestação toda, só vou pagar o valor que sobrou na minha conta”.
De volta à realidade, o governo se comprometeu com a sociedade a fazer certa economia para pagar a dívida pública, que significa resgatar os títulos que o governo vende com taxas de juros elevadíssimas para investidores do mercado financeiro. Se economiza menos, a dívida não cai e a taxa de juros não diminui, causando efeito dominó.
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Todo mundo gosta de consumir e gastar, mas uma hora a conta chega e alguém vai ter pagar. Essa fatura é a inflação alta e o baixo crescimento do PIB. A proposta atual em discussão equivale ao ditado popular: “Devo, não nego, mas só pagarei quando puder”.
Professor de Finanças do Ibmec e da Fundação Dom Cabral
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