Por felipe.martins

Espírito Santo -  Uma explosão deixou três mortos e dez feridos no navio-plataforma de produção de gás e petróleo Cidade de São Mateus, instalado no litoral do Espírito Santo. Outros seis tripulantes estavam desaparecidos até a noite de quarta-feira. O acidente ocorreu por volta das 12h50 na praça de máquinas da embarcação, que produzia 2,2 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural. Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), não houve derramamento de óleo. Na hora do acidente, 74 pessoas estavam a bordo.

A Petrobras informou que transferiu os trabalhadores feridos para Vitória (ES), onde receberam atendimento médico. Segundo a estatal, a unidade estava ancorada a 120 quilômetros da costa capixaba e extraía petróleo e gás dos campos de Camarupim e Camarupim Norte. Operada pela norueguesa BW Offshore, a plataforma é do tipo FPSO (sigla em inglês para unidade flutuante de produção, estocagem e transferência), um navio petroleiro convertido em instalação para produção e estocagem de petróleo.

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A embarcação tem capacidade para armazenar 700 mil barris de petróleo, mas atuava principalmente na produção de gás. O produto é enviado ao continente por meio de duto submarino. A ANP informou que a plataforma recebeu declaração de conformidade da Marinha ainda este ano. Em setembro de 2014, a documentação foi atualizada pela agência. O órgão regulador enviou duas equipes para acompanhar as investigações — uma para a embarcação e outra para a sala de crise da estatal.

Conforme o Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES), ocorreu uma explosão na casa de bombas. O incêndio foi debelado ainda no início da tarde, eliminando o risco de novos acidentes. As operações da unidade foram interrompidas. “A BW está prestando toda a assistência aos seus funcionários e familiares, com apoio da Petrobras”, afirmou a estatal, em nota.

No Aeroporto de Vitória foi montado um plano de contingência para facilitar o embarque e o desembarque de helicópteros com vítimas. Assim que tomou conhecimento do fato, a Marinha enviou um navio e duas aeronaves ao local. Um Inquérito Administrativo sobre Acidentes e Fatos da Navegação (IAFN), para esclarecer as causas e responsabilidades pelo acidente no navio-plataforma também será aberto. O prazo para a conclusão é de 90 dias.

Duas vítimas tiveram queimaduras graves e oito sofreram traumas

Duas vítimas que estavam no navio-plataforma Cidade São Mateus no momento do acidente sofreram queimaduras graves e outros oito feridos tiveram traumas, informou a Secretaria Estadual da Saúde do Espírito Santo na tarde de ontem.

Todos foram encaminhadas para o Vitória Apart Hospital — que é referência no tratamento de queimaduras — e para o Hospital Metropolitano, em Serra, na Região Metropolitana da capital. Durante a tarde, parentes e amigos de trabalhadores foram até os hospitais para procurar notícias das vítimas.

Os nomes de seis dos dez feridos feridos foram divulgados no final do dia. Todos eles estavam internados no Vitória Apart Hospital. Entre as vítimas estão Renata Beça, Eduardo Campos, Raimundo José Dantas, Diego Chaves Leite, Danilo Martins Cruz e um filipino identificado apenas como Bernardes. Os feridos acabaram resgatados de helicóptero e, segundo a Infraero, foram solicitadas 14 ambulâncias para transportar os feridos aos hospitais mais próximos. Até as 17h, todos os feridos já haviam desembarcado em Vitória.

Conforme nota da Agência Nacional do Petróleo, 33 pessoas foram desembarcadas e outras 31 permaneceram a bordo, incluindo os seis desaparecidos. Os desembarcados que não ficaram feridos no acidente foram encaminhados a um hotel de Vitória. De acordo com o Sindipetro-ES, os desembarcados estão recebendo assistência de psicólogos, médicos e assistentes sociais.

Maior desastre provocou morte de 11 pessoas em 2001

A explosão da plataforma P-36 na Bacia de Campos, em março de 2001, é considerada o mais grave e trágico acidente da Petrobras. Onze pessoas morreram, após duas explosões afetarem uma das colunas da plataforma, que acabou afundando. Na hora do acidente, havia 175 pessoas a bordo. Segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP), a principal causa da explosão foi um problema no fechamento de uma válvula.

Em agosto de 1984, um incêndio na plataforma Anchova, na Bacia de Campos, matou 37 trabalhadores da empresa. Em julho de 2003, um helicóptero que levava funcionários para o navio Toisa Mariner caiu na Bacia de Campos e cinco pessoas morreram no acidente.

Com 11 mortes%2C a explosão da P-36%2C em março de 2001%2C é uma tragédia emblemática para a companhiaDivulgação

Outra aeronave caiu, em fevereiro de 2008, ao transportar trabalhadores para a plataforma P-18, na Bacia de Campos. Quatro pessoas morreram. No ano passado, ocorreram pelo menos três acidentes graves .

Em fevereiro de 2014, a plataforma SS-53 sofreu uma inclinação, na Bacia de Campos. Uma falha na válvula do sistema de estabilização provocou o tombamento após ter causado um alagamento em um dos tanques da plataforma.

Em junho, um acidente na plataforma Namorado 1, também na Bacia de Campos, deixou seis pessoas feridas. E em agosto, um funcionário morreu por queimaduras na refinaria Renam, em Manaus. No mês passado, uma explosão na refinaria Landulpho Alves deixou três feridos.


Estatal divide concessão do poço Camarupim Norte

A Petrobras tem 100% da concessão do campo de Camarupim e divide a concessão do poço Camarupim Norte com a petrolífera Ouro Preto Energia, que possui 35% do projeto. Os campos fazem parte de uma província gasífera no Norte da Bacia do Espírito Santo, descoberta em 2006.

O navio-plataforma Cidade de São Mateus foi projetado para produzir até 10 milhões de metros cúbicos de gás natural e 35 mil barris de petróleo por dia, de acordo com o plano de desenvolvimento da descoberta aprovado em 2009 pelo órgão regulador. Segundo a ANP, a produção atualmente era de 2,250 milhões de metros cúbicos de gás e 350 metros cúbicos de óleo por dia.

Kristian Flaten, vice-presidente de relações com investidores da BW Offshore, informou ontem que a tripulação da embarcação onde houve o acidente é mista de brasileiros e estrangeiros.


 

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