Rio - O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, que é o conjunto de riquezas produzido pelo país, ficou estagnado em 2014, segundo o Indicador Serasa Experian de Atividade Econômica, divulgado ontem. O índice apontou retração de 0,2% em dezembro. No acumulado do ano, o crescimento foi de 0%, o pior resultado da série histórica desde 2009, quando o país teve retração de 0,3%, sofrendo os reflexos da crise financeira internacional.
Pelo lado da oferta, a agricultura foi o setor com o melhor desempenho, provocado principalmente pela boa produção de grãos. No ano, o crescimento do segmento foi de 1,6%. Os serviços tiveram uma alta modesta, de 0,8%, enquanto a indústria foi a responsável por puxar o índice para baixo, com queda de 1,9% no acumulado do ano passado.
Do lado da demanda, o consumo das famílias cresceu 0,9%, desempenho considerado fraco ao ser comparado a períodos anteriores. “Foi o pior ano do consumo das famílias desde 2003. Os bens não duráveis, como alimentos, não sofrem muito porque são itens de necessidades básicas, mas os bens de consumo duráveis, como veículos e eletrodomésticos, tiveram um desempenho ruim. E a expectativa para este ano é de ser um ano tão ou mais difícil”, avalia o economista Luiz Rabi, da Serasa, ressaltando que o modelo de crescimento pelo consumo está esgotado no país.
Ainda sob a ótica da demanda, a formação bruta de capital fixo, que representa investimentos em produção, tiveram uma queda acentuada no ano, de 8,3%. Segundo Rabi, a deterioração das contas públicas deixaram os empresários desconfiados e receosos para investir.
O ajuste fiscal que começou a ser delineado pelo governo é o remédio para que o país volte a receber investimentos, mas os resultados não serão imediatos. “Será necessário reverter a trajetória da inflação e esperar um superávit primário, mas isso tudo leva tempo. Teremos que aguardar para saber se o ajuste produzirá um efeito prático”, afirma.