Por paloma.savedra

Rio - Cerca de mil funcionários do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-RJ), no Centro do Rio, ficaram presos por mais de 4 horas na sede do órgão, entre a tarde e noite desta segunda, devido à ocupação de 300 trabalhadores da Alumini Engenharia do hall de entrada do órgão. Em protesto, os operários que atuavam no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) bloquearam as duas saídas do prédio com mesas e cadeiras. Uma bomba caseira foi jogada próximo aos elevadores.

Sem receber a rescisão%2C operários que trabalhavam nas obras do Comperj se irritaram com fim de reunião no TRT e decidiram ocupar o prédioHenrique Moraes / Agência O Dia

A Polícia Federal e o Ministério Público do Trabalho (MPT) foram chamados para negociarem a liberação do espaço e das pessoas. Os manifestantes só liberaram as saídas após o MPT prometer entrar com um pedido de liminar no plantão Judiciário, ontem à noite, obrigando a Alumini a pagar as rescisões trabalhistas dos três mil operários (com data de 27 de fevereiro), o FGTS e a garantia do direito de solicitar o seguro-desemprego. Hoje completa um mês que trabalhadores da Alumini interditaram as pistas da Ponte Rio-Niterói por duas horas.

O bloqueio durou das 17h às 21h20 e começou após reunião de conciliação não definir quando os operários, que estão há três meses sem pagamento, vão receber. No encontro ficou acertado que a Petrobras vai informar, até o fim desta semana, se reconhece débito no valor aproximado de R$ 14 milhões com a Alumini, que se comprometeu a pagar o valor para fazer as rescisões trabalhistas.

Após muita negociação, as mulheres foram liberadas às 20h. Antes disso, por volta das 17h30, uma funcionária foi impedida de sair mesmo alegando que precisava pegar o filho na creche.

“Pede alguém para ir busca-lo, por que daqui ninguém sai enquanto não nos derem uma posição concreta de quando vamos receber. A senhora ainda tem dinheiro para pagar creche. Já nós não temos nem um centavo para comprar comida para nossos filhos”, gritou um dos manifestantes que bloqueava a entrada. “Isso é um absurdo. Estão nos fazendo reféns e tirando nosso direito de ir e vir”, reclamou a funcionária.

Dormindo nas ruas da cidade

“A esperança era sair daqui com uma resposta concreta de quando nosso dinheiro seria depositado. O que vimos aqui foi uma briga entre Alumini e Petrobras com os trabalhadores, sendo nós os únicos prejudicados. Tem muito trabalhador morando na rua, embaixo de marquise por ter sido despejado da casa alugada que morava”, afirma o soldador Alexandre Lopes, 40 anos, um dos membros da comissão de trabalhadores na reunião.

“Vendi carro, geladeira e fogão para comprar alimento e hoje moro de favor. Como minha carteira de trabalho está presa não posso arrumar outro emprego. Tenho família para sustentar e não posso nem voltar para minha terra natal”, desabafa o mecânico Hilton dos Santos, 33, que é de São Luiz do Maranhão.

Impasse pode acabar na sexta

Durante a reunião houve um impasse entre os representantes da Alumini e da Petrobras em torno de uma dívida de R$ 14 milhões da estatal com a empresa. O gerente jurídico da Petrobras, Nelson Ramalho, disse desconhecer o valor, mas prometeu informar até sexta-feira se a petroleira reconhece ou não o débito. Caso positivo, depositaria a quantia em juízo para quitar parte do valor devido aos funcionários.

O encontro de conciliação teve a presença do ministro do Trabalho, Manoel Dias, a presidenta do TRT-RJ, desembargadora Maria das Graças Paranhos, uma comissão de 10 trabalhadores e representantes da Alumini, Petrobras e MPT.

Já os atuais trabalhadores do Comperj decidiram manter a greve, pois não aceitaram a proposta patronal de reajuste salarial de 7,7%. A categoria quer 10% de aumento e R$ 500 de vale-refeição.

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