Por bferreira

Rio - A caderneta de poupança registrou fuga de recursos por dois meses consecutivos. De acordo com informações do Banco Central (BC), as retiradas superaram os depósitos em R$ 6,28 bilhões em fevereiro. Nos primeiros dois meses, a captação líquida foi negativa em R$ 11,92 bilhões. Em janeiro, os saques superaram os depósitos em R$ 5,5 bilhões.

A poupança já vinha captando menos recursos desde o início de 2014, mas com saldos positivos. Esses números indicam a retirada de dinheiro nesses dois primeiros meses para pagar dívidas e, também, podem estar vinculados ao aumento do custo de vida, aliado à dificuldade da população em conseguir uma colocação no mercado de trabalho diante da crise econômica instalada no país.

Por Jair Abreu Júnior

PERGUNTA E RESPOSTA

“A inflação vai ganhar da poupança neste ano, dizem especialistas. O que faço com meu dinheiro investido na caderneta?”

Flávio, por e-mail

Flávio, um dos fatores que explicam o menor interesse pela poupança é a perda de competitividade para os fundos de renda fixa e DI, que, mesmo com Imposto de Renda e taxas de administração, conseguem superar a poupança em rentabilidade. Com a fuga de recursos nesses dois primeiros meses do ano, o saldo de aplicações está em R$ 658 bilhões, o que não acontecia, nesse nível, desde 2008. Para que o saldo recue, é necessário que a captação seja negativa e em valor superior aos rendimentos creditados, e não sacado.

A caderneta de poupança rendeu 0,59% em janeiro, abaixo da inflação de 1,24% medida pelo IPCA. Já em fevereiro, a rentabilidade foi de 0,52%, para inflação que deve superar, outra vez, 1%.

Caso você queira aplicar seu dinheiro por um prazo superior a dois anos, recomendo que pergunte ao seu gerente do banco qual seria a taxa de um CDB (Certificado de Depósito Bancário) pós-fixado. Você deve comparar a taxa percentual apresentada pelo gerente (que tem por base o CDI, juros interbancários) e confrontar com a rentabilidade da poupança. Saiba que a poupança é isenta do Imposto de Renda, enquanto o CDB não é.

Sendo o dinheiro aplicado por mais de dois anos, a alíquota do IR será de 15%, e a remuneração líquida do CDB deverá ser superior a da poupança.

Construir um portfólio visando se proteger da inflação requer cuidados especiais, inclusive controle emocional. O investidor pode aplicar via fundos referenciados ao IPCA ou adquirindo títulos como LCIs (Letras de Crédito Imobiliário).

A decisão de como investir requer muito equilíbrio nas finanças pessoais e reflexão sobre as reais intenções do investidor, ou seja, por quanto tempo estaria disposto a deixar seus recursos alocados em determinado investimento e como reagiria seu fluxo de caixa durante esse período. Procure se assessorar com o gerente do seu banco. E boa sorte!

Jair Abreu Júnior é coordenador em Gestão Financeira da Universidade Estácio de Sá

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