Por nicolas.satriano

Rio - A falta de regulamentação do Banco Central para a concessão de empréstimo consignado é um empecilho para correntistas que muitas vezes não se enquadram em um cenário considerado seguro para a instituição financeira. Servidora aposentada e pensionista do Estado do Rio, Maria de Lourdes Guimarães Ligiero, 89 anos, teve o pedido de empréstimo consignado negado pelo Banco Bradesco, mesmo com margem consignável. Segundo ela, a negativa ocorreu devido à idade.

Ela teve o pedido aprovado somente em uma financeira, que ofereceu a ela um empréstimo de R$ 1.800 em 12 prestações de R$ 461. “Sou lúcida de todas as minhas faculdades mentais, tenho aposentadoria como professora e também sou pensionista. Estou sendo prejudicada depois de ter trabalhado por mais de 45 anos no estado. E o único local que conseguiria o empréstimo era um verdadeiro roubo. Não aceitei”, se queixou a aposentada.

Dor de cabeça%3A Muitas vezes correntistas não se enquadram em um cenário considerado seguro pelos bancosDivulgação

O Banco Central informa que os critérios para concessão varia conforme a instituição e que as regras aplicadas para consignado são as mesmas para crédito em geral. O governo do estado também não interfere na relação banco e cliente.

Economista do Idec, Ione Amorim destacou que o Estatuto do Idoso determina que as instituições não podem negar crédito ou prestação de serviços bancários por causa da idade. “O idoso acaba ficando nas mãos de financeiras que chegam a cobrar 1.170% de juros ao ano. Quando houver a recusa, tem que ser por escrito”.

No Estado do Rio, o Bradesco é o banco com maior volume de empréstimo consignado. Os demais são Itaú, BMG, Panamericano e Santander, respectivamente. Ao todo, 249.006 servidores têm contratos com desconto em folha. Segundo a Secretaria Estadual de Planejamento, o valor médio da parcela é de R$ 179,69 mensais e o prazo médio é de 56 meses. Cada servidor tem em média cinco contratos.

O Bradesco informou que “em razão da lei que protege o sigilo bancário, o banco não comenta casos individuais”. Um dia após a resposta, um gerente da agência de Itaperuna procurou a servidora e propôs um contrato de 12 meses, segundo o filho da Maria de Lourdes. Até o fechamento da edição a aposentada estava em negociação com o banco.

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