Especialistas em concurso público são unânimes em considerar que concorrer para editais semelhantes tem mais chances de passar. Foi o que fez Bruno Lopes, 30. Ele queria trabalhar na área de segurança do trabalho na Petrobras. Tentou cinco vezes, tendo êxito na última.
"Entrar na Petrobras era meu objetivo, não queria outra coisa. Eu sabia que era difícil, mas com o tempo fiquei cada vez mais confiante porque já conhecia o que cai na prova”, conta Bruno, que está na estatal há oito anos. Bruno confessa que é um caminho difícil, mas que pode ser amenizado com força de vontade. “Pensei em desistir, mas a vontade de continuar foi mais forte”, disse.

A confiança também foi importante para Mauro dos Anjos, de 35 anos. Após duas tentativas, ele não se abateu e conquistou uma das vagas no Tribunal Regional do Federal do Rio de Janeiro. “Alguns concursos são parecidos, então muitas matérias são próximas. Quem estuda para um tribunal está preparado para editais de outros tribunais”, acredita o servidor Mauro.
Bruno diz que a entrada no funcionalismo foi possível graças a rotina de estudos, mas sempre com moderação. “É preciso vê as provas de concursos anteriores e estudar em horários disponíveis, mas guardar um tempo para o lazer, senão a máquina pifa. E lembrar que o estudo tem que ser um prazer, e não uma obrigação”, pondera o concurseiro.
Aprender com erros e massificar os estudos
E ter pouco tempo para estudar não é desculpa. De casa para o trabalho, Mauro gasta uma hora e meia no trajeto. Esse é o período que ele leva para estudar para outro concurso. No total, ele estuda três horas diariamente. “Eu ainda faço preparatório aos sábados e respondo simulados online”, disse Mauro, que dessa vez estuda para auditor fiscal do trabalho. “Quero ganhar mais”, revela.
A maior vantagem de disputar um único concurso é o acúmulo de conhecimento e a prática com a banca organizadora, afirma Pollyana Felippo, professora do Universo do Concurso. "Aprender com os próprios erros e massificar os estudos na matéria em que há maior dificuldade é o ganho”, disse a profissional. A maior desvantagem é o próprio ego ferido e a cobrança interna. “Deve-se ter cuidado com o psicológico e não permitir que pensamentos negativos façam com que o candidato desista”, disse.
Sérgio Camargo, advogado especialista em Direito Público, afirma que o foco específico retira a possibilidade de outras chances em outros concursos públicos. “É uma questão de opção. Mas se essa for a escolha, a dica é buscar uma turma específica em curso preparatório, e acompanhar as mudanças jurisprudenciais no assunto”, orienta Camargo.
De ambulante a concursado
Mauro dos Anjos vendia canetas para os candidatos que iam se inscrever para o concurso de fuzileiro Naval na Praça Mauá, entre 1997 e 1999. Depois que as inscrições passaram a ser exlusivamente pela internet, Mauro se viu sem o dinheiro. “Foi quando um amigo me aconselhou fazer o concurso para fuzileiro, igual aqueles que compravam canetas”. Ele passou e não parou de disputar certames. Hoje tem cargo de nível superior no Tribunal Regional do Rio, também na Praça Mauá.
“Eu, agora como servidor federal, tenho uma sensação de conquista muito grande quando chego para trabalhar aqui nessa região, onde eu cobrava R$ 0,10 por um pingo de cola para o candidato pregar a foto na ficha de inscrição”, se emociona Mauro, hoje com quatro filhos e disposição para estudar para auditor fiscal do trabalho.
Mauro já fez concurso para aprendiz de marinheiro (não passou), fuzileiro (fez duas vezes, mas foi reprovado no exame médico por um desvio na coluna e passou na outra), soldado especialista da Aeronáutica, sargento especialista da Aeronáutica, para o TRF em São Paulo, Assembleia de São Paulo (voltou para o Rio porque não tinha diversão de graça lá), e para o TRF do Rio, onde hoje trabalha.“São escolhas que a gente faz, e a minha escolha foi estudar para concurso”.