Por bferreira

Rio - Sob intervenção judicial desde o ano passado, o Sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro elegerá sua nova diretoria amanhã. Está em jogo uma arrecadação de R$38 milhões por ano. Será a primeira eleição da entidade desde o afastamento de Otton Mata Roma. O ex-dirigente fazia parte do clã que dominava o sindicato desde os anos 60 e é investigado pela Justiça do Trabalho pelas práticas de aparelhamento e desvios de dinheiro. Ele foi afastado em outubro de 2014, quando um interventor foi nomeado em seu lugar.

Otton Mata Roma: O ex-dirigente é acusado de deixar rombo de R$ 100 milhões nos cofres do sindicatoMárcio Mercante / Agência O Dia

Apesar do afastamento, a gestão do sindicato está longe de se tornar pacífica. A eleição de amanhã acontecerá sob o fogo cruzado das chapas concorrentes. Entre as cinco registradas, duas (ligadas à CUT e à Força Sindical) tiveram o registro negado. Dirigentes da CUT afirmam que seus membros sofreram intimidações ao registrar suas candidaturas. Já os integrantes da chapa 3 acusam a chapa 1, ligada à CTB, de estar agindo em conluio com o interventor José Carlos Nunes para lotear o sindicato ao PC do B. “O interventor apoia esta chapa e não age de maneira isenta”, afirma Ademar Isidoro, que concorre ao cargo de dirigente pela Chapa 3. O secretário-geral da CTB no Rio de Janeiro, Carlos Lima, rebate as acusações afirmando que o grupo concorrente é ligado ao grupo de Mata Roma.

Segundo o juiz Marcelo Moura, responsável pelo processo de intervenção na entidade, o interventor José Carlos Nunes foi escolhido para atuar no caso devido a seu trabalho de 20 anos como perito da Justiça do Trabalho. Ele afirma, também, que apesar dos pedidos de adiamento do pleito, o cronograma das eleições se manterá. “Não tem risco de a eleição ser adiada”, afirma.

Rombo de R$ 100 milhões

Uma auditoria feita por ordem da Justiça do Trabalho aponta um rombo de R$ 100 milhões nos cofres do Sindicato dos Comerciários, entre os anos de 2009 e 2014, durante a gestão de Otton Mata Roma.

De acordo com o relatório, R$ 110 mil eram depositados todo mês na conta de 17 parentes de Otton, que tinha gastos pessoais em viagens e restaurantes custeados com o dinheiro dos trabalhadores.

O ex-dirigente terá que se explicar para a Justiça do Trabalho e pode responder penalmente por sua gestão. “Há provas de crime de formação de quadrilha e sonegação tributária”, afirma o juiz Marcelo Moura.

A história do sindicato é intimamente ligada à família Mata Roma. O patriarca Luisant Mata Roma entrou na entidade em 1966, como interventor. Em 2006, deixou a entidade sob o comando do filho, Otton.

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