Por thiago.antunes

Rio - O surgimento de novas mídias e segmentos inovadores para empreender trouxe também uma outra forma de fazer negócios. Hoje, o empresário não precisa sequer de escritório. Ou, se assim desejar, pode trabalhar em conjunto com outras empresas, dividindo muito mais do que o espaço físico. O limite das possibilidades é a imaginação ou a necessidade do empreendedor, o que favorece principalmente os jovens que desejam ter seu próprio negócio.

É o caso de Gabriel Gentil, 26 anos, que tem uma agência de gestão de mídias sociais, a Follow Me, com três funcionários. Todos trabalham de casa. “Eles atuam por produtividade. Definimos um intervalo durante o dia para nos comunicar. Às vezes, nos encontramos pessoalmente, em algum café ou restaurante. Mas, no final de contas, cada um faz o seu horário. Controlamos as atividades através de ferramentas on-line. Dessa forma, as informações não se perdem”, explica o empresário.

Ferramentas digitais permitem que Gabriel Gentil e a colaboradora Mariana Passos trabalhem de qualquer lugarAndré Luiz Mello / Agência O Dia

Diretor do Instituto Gênesis, da PUC-Rio, José Aranha afirma que as novas formas de geração de empresa seguem tendência internacional. “O home office é uma tendência pela facilidade de trabalhos com a internet. Você é o escritório onde você estiver. O conceito, na verdade, é de non-office. Mas negócios inovadores demandam ambiente de inovação, e aí entra o coworking, que faz com que as pessoas convivam, tenham novas ideias e visões”, diz.

Novo conceito permite troca de ideias e menos gastos

O coworking — conceito para o compartilhamento de espaços de trabalho — já começa a ganhar um significado mais amplo, com a proposta de um trabalho em rede, em que as empresas fomentam seus negócios mutuamente. Essa é a ideia da Goma, associação que reúne 23 empresas e 77 pessoas em um casarão na Rua Senador Pompeu, na Região Portuária do Rio.

“O faturamento aumenta, pois à medida que trabalhamos juntos, podemos pegar alguns projetos maiores que, sozinhos, não pegaríamos”, explica Vinícius Machado, um dos fundadores da Goma e sócio da empresa de consultoria Carioteca.

Para Lúcia Jaber, diretora de projetos do Instituto Moleque Mateiro de Educação Ambiental, outra vantagem é a troca de ideias. Há dez anos no mercado, a empresa ficou durante cerca de 7 anos como home office, mas hoje está incubada no Instituto Gênesis.

A associação carioca Goma reúne 23 empresas e 77 pessoas em um casarão na Região Portuária do Rio Banco de imagens

“A gente tem a nossa sala, mas compartilhamos espaços colaborativos, como o auditório, com outras empresas. Trocamos muito. Tiramos dúvidas de quem está incubado há menos tempo, e uma empresa de RH que também está incubada presta serviço para a gente. Também temos projetos, como cine debates, que ajudam a trazer os outros empreendedores para dentro da nossa empresa”, conta Lúcia.

Além da interação, os espaços compartilhados têm a vantagem de reduzir os custos. Sócio da SBAC Advogados, Pedro Schaffa conta que abriu mão do escritório próprio para tentar o coworking. “Nosso escritório era muito caro, tinha sala de reunião, espaços que a gente não usava, pois em 90% dos casos o cliente não vinha até a gente. Então mudamos para um espaço compartilhado e conseguimos reduzir os gastos de R$ 5 mil para R$ 2.500. Dividíamos com as outras empresas contas de luz, internet e serviço de limpeza, por exemplo. Não vimos nenhuma perda de qualidade. Pelo contrário, nosso escritório só cresceu nesse período”, afirma.

Mas esse crescimento fez com que Pedro e os sócios Luaci Bellon e Lucas Colferai decidissem se mudar novamente para um espaço próprio. “Hoje temos mais advogados e ficaria mais caro permanecermos no coworking, pois teríamos que contratar mais espaço ou dividir a equipe”, justifica Pedro.

Incubado no Gênesis%2C o Instituto Moleque Mateiro tem projetos para integração com as outras empresas do espaço Divulgação

Segundo o advogado, esse é um ponto que deve ser observado pelos empreendedores que buscam o coworking. “É preciso prestar atenção ao contrato, saber quanto vai custar em caso de rescisão, e evitar contratos longos, pois se a empresa cresce e precisa mudar, esse pode ser um problema. Além disso, ler atentamente o regulamento do coworking. Normalmente, esses espaços funcionam como uma espécie de condomínio e há algumas regras”, alerta.

Empresários buscam qualidade de vida e produtividade

Para Gabriel Gentil, fundador da Agência Follow Me, as principais vantagens de trabalhar de casa são a qualidade de vida e o aumento na produtividade. 

“Hoje ninguém quer perder tempo no trânsito. Quando anunciei uma vaga no Facebook, a demanda foi muito grande. Ressaltei o fato de que a pessoa iria trabalhar em casa e todos adoram a ideia. Não me importo se o colaborador tiver outra atividade profissional que complemente sua renda. Também é bom para as empresas, pois conseguimos reduzir custos consideráveis. Podemos dizer também que é possível aumentar a produtividade, pois a pessoa não terá mais o tempo do deslocamento”, defende Gentil.

Pedro Schaffa%2C Luaci Bellon e Lucas Colferai encontraram no coworking uma forma de reduzir os custosDivulgação

No entanto, ele acredita que esse modelo de trabalho não atende a todo tipo de negócio. “A desvantagem, eu diria, é a ausência de uma unidade. O home office não serve para qualquer empresa e nem para qualquer área. Se a minha equipe aumentar muito, por exemplo, vou ser obrigado a junta-los em algum espaço. Isso será inevitável”, afirma. Além da gestão em mídias sociais, a agência oferece o serviço de assessoria comercial, que busca pontos de venda alternativos para lojas.

Curso gratuito sobre empreendedorismo 

Quem deseja abrir o primeiro negócio ou ganhar conhecimentos na área pode se inscrever gratuitamente no curso Inove — Empreendedorismo Inovador, promovido pelo Instituto Gênesis da PUC-Rio. As aulas se dividem em três módulos.

O primeiro dia aborda a Atitude Empreendedora, discutindo definição, princípios e objetivos da criatividade, motivação e inovação, além de tratar de paradigmas e impactos nos processos de criatividade e inovação. A aula também apresenta a importância do sonho no desenvolvimento da atitude empreendedora e aplica ferramentas para a ampliação da criatividade, capacidade e habilidade de gerir ambiências inovadoras.

A partir dos temas Mercado e Inovação, o segundo dia de curso apresenta cenários e mudanças, concepção e análise de forças, fraquezas, ameaças e oportunidades além de tipos de inovação. O encontro aborda a importância da análise de mercado e da segmentação, da identificação de público-alvo, estratégia e criação de valor.

Também são discutidos temas como marketing de produto, preço, promoção e distribuição, ciclo de vida de produtos, conceito, tipos e impacto da inovação. Já o terceiro dia tem foco no planejamento de negócios, como apoio à elaboração de um novo empreendimento ou reestruturação de um já existente, abordando modelos de negócios, identificação de oportunidades, ferramentas para a estruturação de um empreendimento.

O curso acontece em duas edições: de 29 de junho a 1º de julho, das 14h às 17h; e nos dias 13,20 e 27 de julho, das 19h às 22h. As inscrições podem ser feitas pelo site www.genesis.puc-rio.br. As vagas são limitadas a 80 pessoas por edição. Mais informações pelo telefone (21) 3527-1371.

Você pode gostar