Rio - Em uma cerimônia discreta, Márcio Ayer tomou posse nesta sexta-feira como novo presidente do Sindicato dos Comerciários do Rio. Eleito após uma eleição com direito a invasão de 201 pessoas à sede da entidade, no Centro, ele prometeu que vai cobrar ressarcimento dos R$ 100 milhões desviados da entidade, segundo auditoria da Justiça.
“Vamos acompanhar as investigações para garantir que essas pessoas sejam punidas e que devolvam o dinheiro”, garante o jovem presidente, de 30 anos. O rombo ocorreu entre 2009 e 2014, referente a despesas suspeitas com advogados, dívidas em impostos, juros e multas. As contas que seriam irregulares foram descobertas pelo interventor José Carlos Nunes. “Quinze funcionários eram da mesma família e a maioria não trabalhava”, afirmou.
O interventor foi acusado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) de ser ligado à chapa vencedora, mas ele nega. “Eu apoiei a renovação de um sindicato, pois a antiga gestão estava lá há 40 anos nas mãos da família Matta Roma”, afirmou. Para Márcio Ayer, a chegada à presidência do sindicato foi resultante do esforço feito em campanha. “Nossa vitória foi fruto do trabalho que construímos para mostrar o que estava ocorrendo”, defende.

DEPREDADORES SÃO SOLTOS
A eleição também foi marcada pela destruição da sede do sindicato por 201 pessoas no último dia 17, sendo 195 adultos presos e seis menores apreendidos. Todos foram soltos na noite de sexta-feira. A liberação dos acusados foi determinada pelo Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ), por não receber o requerimento de conversão das prisões de flagrante em preventiva.
O Plantão Judiciário teria se recusado a receber a comunicação dia 19 devido à conduta de cada participante não ter sido especificada. O delegado responsável pelo caso, Marcus Oliveira, protocolou o pedido na 37ª Vara Criminal, que só chegou ao juiz na terça-feira, alegando ser um processo grande. O delegado encaminhou o caso ao MP, ficando oito dias sem qualquer pedido. O MP não ofereceu denúncia porque “os autos não chegaram ao promotor”, mas ele aguarda a remessa.
Para Oliveira, a medida de prender todos foi acertada, mas vê seu trabalho como tendo sido em vão. “Fiquei 40 horas fazendo o flagrante para não ter nenhum resultado positivo”, lamenta.