Rio - O Rio tem tudo para ser a capital da Economia Criativa no país: artistas e profissionais talentosos, visibilidade internacional, estilo próprio e bossa. Mas tudo isso não basta. Para ter competitividade, é preciso saber empreender.
“Economia Criativa é um olhar atento para um modelo de produção que valoriza inovação, tecnologias, e que tem na cultura a principal fonte de matéria-prima”, explica Heliana Marinho, coordenadora de Economia Criativa do Sebrae/RJ. “O que existe hoje é uma dificuldade de essas classes criativas entenderem que é importante usar mecanismos de gestão e que precisa haver formalização das atividades. Quem se organiza melhor, estabelece redes de contatos e se posiciona no mercado, e, assim, consegue se destacar”, afirma.
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Este mês, diversos eventos vão oferecer capacitação para quem deseja apostar no setor criativo. Até amanhã, a Escola de Séries vai ensinar tudo que é preciso saber sobre a elaboração de séries para TV no Brasil. Na sexta, um seminário da Firjan aborda o tema de financiamento coletivo — ou crowdfunding — modalidade muito usada nos negócios criativos.
E nos dias 6 e 7, o Rio recebe o Brazil’s Independent Games Festival (BIG), evento com foco na produção independente de jogos. Até dia 15, o Sebrae promove ainda a mostra de artesanato Brasil Original, que reúne o trabalho de 70 artesãos fluminenses.
Rio de Janeiro ainda possui lacunas na cultura empreendedora
A Economia Criativa, de acordo com Heliana Marinho, coordenadora do Sebrae-RJ, é dividida em quatro categorias: tradição (artesanato, cultura popular), arte (circo, artes visuais), mídias (cinema, TV, música, livros) e criações funcionais (games, arquitetura, design). Para Heliana, esse mercado é naturalmente global, mas 90% das atividades são praticadas por micro e pequenas empresas.
“Existe uma grande necessidade de novos produtos. Quando esses segmentos se articulam, abrem milhões de novas oportunidades. Quem se prepara para liderar esse segmento no Rio e no Brasil precisa estar pronto para atuar internacionalmente também”, avisa Heliana.
Falta profissionalismo
Idealizadora do Cluster — espaço que reúne bimestralmente marcas cariocas nas áreas de moda, arte e gastronomia — a estilista Carolina Herszenhut, 35 anos, afirma que o Rio muitas vezes perde mercado para outros estados em função da falta de profissionalismo.
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“O Rio tem uma visibilidade muito grande, tem uma posição privilegiada dentro do país. Percebi que a gente estava perdendo espaço, às vezes para São Paulo, quando somos um celeiro de criatividade. Falta o carioca entender que é preciso sair dessa posição de só ser criativo. É preciso ser empreendedor também”, avalia.
Já a DJ e promoter Erika Ferreira Baptista, 31, observa que houve crescimento nesse setor no Rio, mas de forma volátil. “Todo mês nascem e morrem novas empresas. Ninguém quer mais do mesmo. A oportunidade surge aí, do diferencial, em fazer algo inovador. Persistência e criatividade são essenciais”, diz a empreendedora.
Momento de crescimento no setor de audiovisual
Após entrar em vigor, em 2011, a Lei 12.485, que estabelece cotas de conteúdo nacional para a TV por assinatura, criou novas oportunidades para o audiovisual no Brasil. Segundo Mariana Ribas, diretora-presidente da RioFilme, as expectativas são boas.
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“Sobretudo para a produção independente, em função da demanda por conteúdo, que tem como consequência o aumento da produção e do número de obras audiovisuais brasileiras licenciadas. Mais demanda por ideias, projetos, roteiros, profissionais e empreendimentos”, afirma.
Para Mariana, porém, há desafios. “As produtoras precisam pensar na estruturação e planejamento não só de seus projetos, mas da empresa, incluindo custeio e pessoal, novas possibilidades, linhas de financiamento e novas janelas de distribuição”, enumera.
Professor de Cinema e Audiovisual da ESPM e da Escola de Séries, Pedro Curi afirma que o Brasil tem tradição forte na criação de ficção para a televisão e as novelas. “Com a Escola de Séries, trabalhamos mais intensamente com novos formatos e modelos de negócios”, explica.
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Incentivo financeiro às empresas
O crowdfunding ainda é pouco conhecido no Brasil, mas vem crescendo. Além dele, uma nova modalidade de financiamento coletivo começa a surgir, desta vez como uma forma de investimento. “Seria uma espécie de bolsa de valores democrática”, resume Gabriel Pinto, coordenador do programa de Indústria Criativa da Firjan. O assunto será debatido nesta sexta-feira na sede da federação.
Segundo Gabriel, o financiamento coletivo movimentou US$ 16 bilhões em 2014 e a expectativa é que suba para US$ 35 bilhões em 2015. “Em tempo de redes sociais, o crowdfunding se mostra como alternativa bem sucedida, mas demanda técnica. É o que falta no Brasil”, explica.
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Espaço reúne 70 artesãos e três empresas do segmento de moda
O Sebrae/RJ promove até o próximo dia 15 a mostra de artesanato Brasil Original, no 1º piso do Shopping Rio Sul, em Botafogo. Com foco na exibição e venda de produtos artesanais de alto valor agregado, o evento reúne o trabalho de 70 artesãos fluminenses e três empresas do segmento de moda carioca (Tai Daí, Zoia e Benta Studio), além de peças dos estados do Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Amazonas.
Só na primeira semana, foram comercializados 1.452 produtos, que resultaram em vendas de em cerca de R$ 50 mil. Em 2014, durante os 30 dias, o Sebrae/RJ alcançou a marca de 6.153 peças vendidas, com um total de R$214.269,14 em vendas. O público estimado na ocasião foi de mais de 25 mil pessoas no evento.
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- Programação
Escola de séries
O Seminário Internacional da Escola de Séries começou na segunda-feira e vai até amanhã, no Hotel JW Marriot, em Copacabana. As inscrições custam R$ 80 por dia e podem ser feitas no site www.escoladeseries.com.br. A ideia é promover um espaço de encontro e troca entre realizadores do Rio de Janeiro e do mercado internacional sobre o processo criativo, técnicas e de gestão para o desenvolvimento de conteúdo de séries de TV no Brasil. O evento é uma parceria do Sebrae/RJ com a RioFilme e a ESPM.
Crowdfunding
O sistema de crowdfunding ou financiamento coletivo será debatido nesta sexta-feira, na Firjan (Rua Graça Aranha 1, Centro do Rio). Participam do encontro representantes das principais plataformas do modelo no país: Catarse, Sibite, Broota e Bemfeitoria. Será apresentado o potencial do financiamento coletivo para a viabilização de projetos empresariais, além de serem oferecidas orientações práticas para a promoção dos projetos.
Games
O Brazil’s Independent Games (BIG) Festival ocorre nos dias 6 e 7 de julho, também na sede da Firjan, no Centro do Rio. Serão apresentadas oportunidades de negócio, empresas de games, produtoras de audiovisual e canais de TV, além de modelos para incubação e aceleração de companhias. Também haverá palestras com temas mais práticos, como técnicas de ilustração à mão.