Por bferreira

Rio - O governo lançou esta semana o Programa de Proteção ao Emprego, conforme noticiado com destaque por O DIA. O objetivo do plano é tentar evitar demissões, permitindo que as empresas em dificuldade diminuam custos, reduzindo a jornada de trabalho e o valor da folha salarial em até 30%. Para o trabalhador que hoje vive sob ameaça de perder o emprego a notícia é boa, mas ele terá que arcar com um pedaço dessa conta. Na prática, o trabalhador terá redução salarial de 15%, os outro 15% o governo federal vão arcar, com os recursos do FAT — Fundo de Amparo ao Trabalhador.

Tome-se como exemplo um trabalhador com salário de R$ 1 mil. Na adoção do plano, o custo do salário para a empresa será reduzido para R$ 700, com economia de R$ 300. No entanto, o funcionário vai receber R$ 850, sendo que R$ 700 são do patrão e R$ 150 do governo.

A constatação é que é melhor perder R$ 150 no salário do que perder o emprego. O plano pode ser aplicado por 12 meses, não podendo deixar de considerar que o empregado terá menos horas de trabalho. Para que tudo isso tenha validade é necessário que a empresa assine um documento com o sindicato da categoria, no qual serão estabelecidas as condições específicas do programa. Questões como prazo, condições de estabilidade e resultados da empresa têm que estar expressas em um acordo.

A inflação oficial de junho, no entanto, desamima ao registrar variação de 0,79% para o IPCA. O curioso é que o item que mais contribuiu para o aumento foi o reajuste das apostas das loterias oficiais, como a Mega Sena. Pois é, amigo, tempos difíceis esses que vivemos hoje, em que só não economizamos a sorte. Muita luta para garantir o emprego sem perder as esperanças em cravar os números dos sorteios.

Gilberto Braga é professor de Finanças do Ibmec e da Fundação Dom Cabral

Você pode gostar