Brasília e Rio - O Bradesco anunciou nesta segunda-feira a compra da subsidiária brasileira do banco inglês HSBC por US$ 5,2 bilhões, o equivalente a R$ 17,6 bilhões. Com a aquisição, o Bradesco encosta em seu principal concorrente na disputa pela liderança do mercado de bancos privados, o Itaú, que tem R$1,294 trilhão em valores de ativos e é a maior instituição privada do país. Com R$170 bilhões do HSBC, o Bradesco chega a R$1,202 trilhão. O novo dono garantiu, em nota, que os 5 milhões de correntistas do HSBC, que esperam melhora nos serviços, continuarão a ser atendidos de forma habitual e terão direitos respeitados. Entidades defensoras dos consumidores alertam que os clientes devem ficar atentos.
“A princípio nada deve mudar. Mas as pessoas precisam ter todos os contratos, de pacotes de serviço, financiamentos, todo o relacionamento com o banco documentado, para se resguardar e não haver uma mudança unilateral”, explica Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Proteste.
Segundo o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), durante o programa de incorporação, que deverá ser totalizado em 2016, os correntistas precisam aguardar as orientações do Bradesco, que passará informar procedimentos de mudanças por meio de correspondências, informações no site, agências e mídia.
“Enquanto a migração não ocorrer continuam valendo todos os cartões emitidos com a bandeira do HSBC. Durante o processo, tudo seguirá funcionando normalmente”, explica Ione Amorim, economista do Idec. Tanto a Proteste quanto o Idec afirmam que o consumidor que se sentir lesado pode procurar seus direitos. “Tudo tem que ser preservado, até os valores que se paga por serviços do HSBC. Qualquer mudança, o cliente tem que pedir orientação”, aconselha Maria Inês.
Ione aconselha a recorrer ao Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC). “Se a reclamação for por descumprimento de norma, o processo deve seguir ao Banco Central ou Procon. Mas se for relacionado ao diferencial ou qualidade do atendimento, o cliente deve avaliar o serviços oferecidos pelo Bradesco e comparar com outros bancos em busca de um produto mais adequado”, diz Ione.
Os clientes estão tranquilos em relação à mudança de donos. “Sempre trabalhei com a área financeira e o Bradesco tem perfil em que confio há anos”, comenta a advogada aposentada Georgina Neves da Silva, 81 anos, e atual cliente do HSBC.
Trabalhador teme demissão
A compra do HSBC pelo Bradesco é vista com ressalvas pelo Sindicato dos Bancários do Rio. A entidade teme demissões de empregados — são cerca de 1.300 no município e 21 mil em todo o Brasil (são 851 agências em todo o país) —, o que ocorre historicamente em fusões ou aquisições de instituições financeiras.
Segundo Marcelo Rodrigues, diretor do sindicato e funcionário do HSBC, tudo o que os empregados do banco inglês ficaram sabendo foi pela mídia — não houve nenhum tipo de comunicado interno.
Para obter mais informações e se posicionar contra um possível corte de postos de trabalho, está marcada hoje uma reunião em São Paulo, com os dois bancos e a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf).
“Queremos pressionar para termos esclarecimentos e levaremos proposta de reaproveitamento de funcionários, já que hoje há carência nas agências, que sempre têm grandes filas. Nossa luta também é por mais qualidade e agilidade no atendimento”, explica.
Os bancários também estão em momento de outras reivindicações, que fazem parte da campanha salarial deste ano. O documento com as propostas será entregue à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) no dia 11. A categoria quer reajuste de 16%, além de piso com base no salário mínimo do Dieese (R$3.299,66) e a Participação nos Lucros de três salários mais R$ 7.246,82 de parcela fixa adicional.