Por karilayn.areias

Rio - O economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, disse nesta terça-feira que não há justificativa política para o impedimento da presidente Dilma Rousseff. "Quem ganha com o impeachment? Ninguém ganha. Eu não vejo nenhum beneficiário disso. E acho ainda que precisamos fortalecer o mecanismo democrático de troca do Executivo a cada quatro ou cinco anos", disse Rosa em evento na sede da empresa em São Paulo. 

Para ele, o cenário político atual nos leva a um exercício mental para responder a questão colocada acima. "Imagine se o PMDB [do vice-presidente, Michel Temer] assume? Pega todo o ônus do momento e não consegue criar um ambiente favorável para ter um candidato em 2018 porque carrega o passivo."

Para Rosa, há inúmeras diferenças em relação à saída de Fernando Collor, além de não haver fatos que determinem a suspensão do mandato de Dilma. "Desde o começo, o Itamar [Franco] foi colocado como um governo de transição. Dessa vez não seria assim. O Aécio [senador Aécio Neves, PSDB] quer novas eleições, o Alckmin [Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, PSDB] e o Eduardo Paes [prefeito do Rio de Janeiro, PMDB] querem se sobressair no cenário até 2018."

Para o economista, as medidas tomadas pelo governo no primeiro semestre estão certas. "Temos um cenário de baixa confiança, mas neste ano as medidas foram certas e precisamos esperar seus efeitos. O setor externo já reage positivamente, com dados positivos da balança comercial, que tem vivido bons reflexos da desvalorização do real, que faz nossos produtos serem mais competitivos para exportação ao passo que inibe as importações."

Rosa explica que o momento da economia mundial, com a desaceleração da China, umas das principais parceiras comerciais do Brasil, e a falta de governabilidade nacional impedem leitura do momento, adicionando riscos em cenário adverso. "A Dilma percebeu que principal âncora do governo é o Joaquim Levy. E o governo trabalha para não perder o investment grade [selo de bom pagador do governo que possibilita que grandes investidores comprem títulos brasileiros e de empresas nacionais]. Não deve tentar saída heterodoxa, não deve mexer no curso das coisas."

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