Por marlos.mendes

Brasília - A caderneta de poupança registrou saída líquida de R$ 7,502 bilhões em agosto, a pior para o mês na série histórica iniciada em 1995, dando sequência à trajetória de perdas num ano em que a inflação em alta vem pressionando o bolso dos brasileiros.

Enquanto o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) sofreu retirada líquida de R$ 7,232 bilhões no mês, a poupança rural teve saída de R$ 270,130 milhões, informou o Banco Central nesta sexta-feira.

No ano, a poupança geral acumula perda líquida de R$ 48,497 bilhões, também recorde para o período.

Inflação e alta da Selic tornam investimento na poupança pouco atraenteReprodução

O desempenho tem como pano de fundo cenário de preços em persistente alta, afetando a renda disponível num momento de economia em recessão e fraqueza no mercado de trabalho.

Para combater a inflação, que no acumulado em 12 meses se aproxima de 10%, o BC elevou os juros em 3,25 pontos percentuais de outubro do ano passado a julho deste ano, decidindo deixá-los inalterados em 14,25% ao ano na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na quarta-feira.

Uma das consequências do aperto foi também deixar a tradicional caderneta menos atrativa para os investidores. A poupança medida pelo SBPE é a principal fonte de financiamento imobiliário do país.

Mas com a Selic mais alta, aumenta a distância entre o rendimento da poupança, de 6% ao ano mais um pequeno acréscimo da Taxa Referencial (TR), e aplicações cuja remuneração é baseada na Selic.

A sangria na caderneta vem afetando o financiamento imobiliário, já que, pelas regras do Sistema Financeiro da Habitação (SFH), 65% dos depósitos na caderneta devem ser obrigatoriamente direcionados ao crédito habitacional.

Com a escassez de recursos, vários bancos endureceram neste ano as regras para a concessão de empréstimos, entre eles a Caixa, líder no setor.

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