Por clarissa.sardenberg
Rio - A inflação oficial do país continua a subir e não tem previsão de trégua ao bolso do consumidor. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou 10,48% nos últimos 12 meses. No ano, a taxa está acumulada em 9,62%, sendo a maior alta para o período desde 2002, quando tinha subido 3,02%. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o resultado acima do esperado para a inflação foi ocasionado por reajustes da gasolina e aumento dos preços dos alimentos.
No Rio de Janeiro, os preços estão pesando mais do que a média nacional. Em novembro, a alta registrada foi de 1,24%, acumulando avanço de 10,68% nos últimos 12 meses. A energia elétrica (0,98%) continuou ser a vilã, com avanço de 7,47% no mês, depois de passar por reajuste de 16% em novembro.
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O aumento do0s preços no país também foi expressivo no mês passado, com alta de 1,01% — quase o dobro do resultado do mesmo período de 2015, quando aumentou 0,51%. O desempenho do mês contribuiu para o indicador ultrapassar ainda mais a meta central do governo, de 4,5%, e a estimativa máxima, de 6,5%, para o acumulado dos 12 meses.
Mesmo com o indicador chegando a dois dígitos no país e no Rio, economistas ainda não acreditam em quedas para os próximos meses. “A inflação está resistente de uma forma surpreendente, e vários fatores contribuem, com maior impacto do cenário político. Não parece que a inflação vá cair por enquanto, já que todos os preços estão muito acima do ideal”, explicou o professor.
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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a variação de preços das famílias de menor renda (1 a 5 salários mínimos), também está em alta. Os preços avançaram 10,97% nos últimos 12 meses, de acordo com o IBGE. O indicador fechou o mês de novembro em 1,11%, subindo 0,34 pontos percentuais em relação a outubro.
Com o resultado, o INPC passou a acumular de janeiro a novembro deste ano alta de 10,28%, acima da taxa de 5,57% relativa a igual período de 2014. 
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Preços só devem cair no fim de 2016
Para que a inflação em 12 meses não comece 2016 no incômodo patamar de dois dígitos, o IPCA de dezembro precisará vir bem abaixo do nível dos últimos meses. Mas economistas não apostam em um cenário positivo. A expectativa é que a inflação só comece a cair no fim do próximo ano, quando a taxa deve chegar a 7% no acumulado de 12 meses. Mesmo assim, o indicador continuará acima do teto da meta do governo, de 6,5%.
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“O cenário do ano que vem é muito difícil, o desemprego certamente estará acima da taxa de 2015, as empresas vão demitir mais, por consequência das baixas vendas e desempenhos. A recomendação é para guardar dinheiro e se prevenir”, aconselhou o professor dos MBAs da Fundação Getulio Vargas (FGV), Mauro Rochlin.
“O clima de desânimo, por parte dos trabalhadores e donos de empresas, não deve passar em 2016. Esse sentimento é péssimo para a economia, já que diminui o ritmo de trabalho, a confiança e os resultados”, explicou o professor Alexandre Espírito Santo, do Ibmec.