Por rafael.souza
Brasília - Em meio à alta dos preços e do desemprego, os consumidores têm mais motivos para redobrar os cuidados com as contas. Diante deste quadro, o cartão de crédito rotativo continua a modalidade mais cara e o ‘vilão’ da inadimplência: os juros chegam a 399,84% ao ano em dezembro do ano passado.
Segundo pesquisa da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), os juros das operações de crédito subiram em dezembro de 2015 pela 15ª vez consecutiva. Atingiram os maiores índices médios desde o início de 2009. O aumento da taxa média geral foi de 1,75% ao mês e 2,54% em um ano, passando de 7,43% (ao mês) e 136,32% (ao ano), em novembro, para 7,56% (ao mês) e 139,78% (ao ano), em dezembro.
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De acordo com a pesquisa, as seis linhas de crédito — comércio, cartão de crédito rotativo, cheque especial, CDC, empréstimo pessoal (bancos) e empréstimo pessoal (financeiras) — tiveram alta. O cartão teve a maior elevação: de 2,94% ao mês a a 399,84% ao ano. O segundo custo mais caro foi a modalidade de cheque especial com alta de 1,89%.
Para o diretor de Pesquisas Econômicas da Anefac, Miguel Ribeiro de Oliveira, a retração na economia e o aumento da inflação contribuíram para a alta dos juros.
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“Nesse cenário econômico, há aumento da inadimplência. Os bancos aumentam os juros para compensar prováveis perdas”, declarou Oliveira, afirmando ainda que a previsão para este ano as taxas subam mais. “É o momento do consumidor ser conservador. Evitar o cartão e usar outras linhas menos onerosas, com juros mais baixos, como consignado”.
Depois de se endividar com o cartão no rotativo e ter o nome negativado, a auxiliar de escritório, Aline Ribeiro, 33, decidiu pagar tudo à vista. “Não controlei e a dívida virou bola de neve. Não tenho mais cartão de crédito e só uso débito”, contou.