Por tiago.frederico

São Paulo - O dólar desabava mais de 2,5 por cento nesta sexta-feira, após a Polícia Federal lançar nova fase da operação Lava Jato que tem como alvo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com investidores entendendo que aumentam as pressões sobre o atual governo federal.

Às 11h19, o dólar recuava 2,70 por cento, a 3,6996 reais na venda, após cair 5,03 por cento nas três sessões anteriores. A moeda norte-americana chegou a 3,6550 reais na mínima deste pregão, queda de 3,87 por cento, menor patamar intradia desde 1º de setembro de 2015 (3,6192 reais).

Se mantiver esse ritmo, o dólar fechará esta semana com a maior queda acumulada desde outubro de 2008. O dólar futuro caía cerca de 2,8 por cento.

"(A presidente Dilma Rousseff) já está muito fragilizada e com isso a oposição ganha mais força", disse o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado. "Se as manifestações do dia 13 forem grandes, a situação fica muito ruim para ela", acrescentou, referindo-se a protestos planejados a favor do impeachment da presidente.

A operação Lava Jato lançou nesta manhã nova fase da investigação tendo como alvo Lula, contra quem foram expedidos mandados de condução coercitiva e busca e apreensões, para apurar possíveis crimes de corrupção e lavagem de dinheiro do esquema envolvendo a Petrobras.

Notícias que aumentam a pressão sobre Dilma, alvo de processo de impeachment, vêm sendo bem recebidas pelo mercado, que entende que eventual troca no governo pode trazer de volta a confiança e abrir espaço para mudanças na política econômica. Além disso, a investigação contra Lula poderia atrapalhar os planos do ex-presidente de concorrer à eleição em 2018.

O dólar ampliou a queda no meio da manhã e foi à mínima da sessão após procurador do Ministério Público Federal (MPF) afirmar que Lula e Dilma foram os principais beneficiários políticos do esquema de corrupção, mas reduziu as perdas em seguida.

Ainda assim, alguns analistas ponderam que as turbulências políticas podem dificultar ainda mais a governabilidade no presente. Além disso, não é certo que a saída da presidente resultaria em um governo mais apto a promover as dolorosas reformas econômicas que muitos acreditam ser a chave para a recuperação brasileira.

"O mercado está apostando em retomada da confiança que pode não se concretizar. Há uma certa euforia e acho que algumas pessoas estão indo no embalo, mas tem muita água para rolar ainda", disse o operador de um banco internacional, sob condição de anonimato.

Na véspera, o dólar já havia caído mais de 2 por cento sobre o real, reagindo à notícia de suposta delação premiada do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) na operação Lava Jato envolvendo a presidente Dilma e Lula.

Também contribuíam para o recuo da moeda norte-americana nesta sessão dados mostrando que a economia dos Estados Unidos criou mais vagas que o esperado em fevereiro, alimentando o apetite por risco nos mercados globais. O efeito foi limitado, porém, porque os números também podem abrir caminho para aumentos de juros nos EUA, algo que prejudicaria mercados emergentes.

Nesta manhã, o Banco Central fará mais um leilão de rolagem dos swaps que vencem em abril, que equivalem a 10,092 bilhões de dólares, com oferta de até 9,6 mil contratos.

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