Por thiago.antunes

Rio - Os problemas de infraestrutura nas escolas municipais atingem de forma desigual as diferentes regiões da cidade, segundo o Tribunal de Contas do Município (TCM) . Entre as 50 unidades escolares mal avaliadas em relatório divulgado pelo órgão, 47 estão nas zonas Norte e Oeste (29% do total das duas regiões).

Só três ficam em bairros considerados nobres (14% das escolas da Zona Sul). A Secretaria Municipal de Educação nega que dê prioridade a áreas abastadas e afirma que, ao contrário, a Zona Norte tem recebido até mais intervenções para recuperação da infraestrutura.
Reportagem do DIA publicada segunda-feira mostrou que 25,64% dos 195 colégios visitados pelo TCM estão em condições ruins.

Mais beneficiada que muitas outras, a Escola Municipal Senador Correa, em Laranjeiras, passa pela segunda reforma em três anos. Um despacho publicado no Diário Oficial do município no começo deste mês autorizou o uso de R$ 3,38 milhões para a obra na recuperação da fachada e do telhado do prédio, construído em 1883.

A Escola Municipal Senador Correa%2C em Laranjeiras%2C passa pela segunda reforma em três anos. Outras unidades não têm a mesma sorteAndré Mourão / Agência O Dia

A justificativa são os riscos às pessoas que passam pela rua e aos equipamentos do local. Em 2011, outra obra, de R$ 144 mil, foi autorizada para o combate a uma infestação de cupins.

Outras unidades, em condições piores, não têm a mesma sorte. Em Jacarepaguá, por exemplo, 34% das escolas foram avaliadas como precárias. No município, quase 33% das instituições sofrem com problemas não resolvidos, relacionados à queda de reboco.

Professores criticam condições de trabalho

O TCM também ouviu 977 professores da rede municipal para a elaboração do relatório. Para 51% deles, suas condições de trabalho são razoáveis ou precárias, número superior aos 42% do exercício de 2011.

O principal problema apontado foi o excesso de alunos nas salas de aula, tema levantado por 91% dos ouvidos. Uma dificuldade estrutural foi a segunda mais apontada: 86% dos professores reclamaram da falta de ventilação nas salas. Setenta e um por cento também falaram da falta de material didático.

A ausência de pessoal de apoio e as instalações inadequadas foram alvo de reclamação de 82% dos entrevistados. Sobre isso, o relatório do TCM mostrou que o número de agentes educadores (antigos inspetores de alunos) é insuficiente para 67,18% das unidades escolares.

Secretaria diz que gastou R$ 268,5 milhões em reparos

Em nota, a Secretaria Municipal de Educação disse que vem dando prioridade ao trabalho de recuperação da infraestrutura das unidades escolares da rede municipal de ensino.

“Em 2012, foram realizadas 5.849 intervenções nos 3 níveis de administração da Secretaria, sendo 290 no Centro, 343 na Zona Sul, 3.327 na Zona Norte, 1.621 na Zona Oeste e 268 na Barra da Tijuca, Recreio e Jacarepaguá. Essas intervenções representaram um investimento da ordem de R$ 268,5 milhões”, diz o texto.

De acordo com o órgão, os relatórios produzidos pelo TCM funcionam como uma importante ferramenta de apoio no momento de a secretaria priorizar as intervenções a serem realizadas.

A secretaria ressaltou ainda que as escolas consideradas “em estado precário” não estão assim por terem sido esquecidas pela administração, “mas porque ficam, na sua maioria, em regiões onde, infelizmente, a prática do vandalismo contra a coisa pública ainda acontece com alguma frequência”.

A secretaria garante que a preocupação com a infraestrutura e a qualidade do ensino são prioridades, o que fica evidente no relatório do IDEB 2011, que colocou o Rio entre as cinco melhores capitais do país no Ensino Fundamental.

Além disso, segundo o órgão, o próprio relatório do TCM informa que mais de 70% das fragilidades foram sanadas antes da divulgação do relatório.

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