Rio - Um ato em solidariedade e repúdio à ação da PM nesta terça-feira, durante a votação que aprovou o novo plano de cargos e salários dos professores da rede municipal, será realizado às 17h desta quarta-feira, em frente à Câmara de Vereadores, na Cinelândia. Um outro ato está agendado na Uerj para às 16h.
Além do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio (Sepe), entidades e sindicatos de outras categorias devem participar da manifestação. A coordenadora do Sepe Ivanete Conceição classificou a atuação da polícia como "desmedida e descontrolada". Segundo ela, "nem nas passeatas de junho a ação da PM foi tão violenta. Foi de extremo exagero o que aconteceu ontem".
Ivanete disse que por conta do forte aparato da polícia no entorno da Câmara, nem os banheiros da Casa os professores poderam usar e não havia condição de diálogo. Segundo a coordenadora, muitos Black Blocks ajudam vítimas atingidas por bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha. "Se não fosse a ajuda dos blacks no socorro de algumas pessoas, a situação poderia ser pior", disse.
Acampamentos montados ao lado da Câmara começaram a ser desmontados na manhã de hoje. Uma assembleia está marcada para a próxima sexta-feira, ainda sem lugar definido, definirá os rumos da greve dos professores municipais.
OAB envia a Cabral carta de repúdio pela violência policial contra professores
O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) encaminhará nesta quarta-feira para o governador do Rio, Sérgio Cabral, moção de repúdio pela violência praticada nos últimos dias pela Polícia Militar contra os professores do estado que estão em greve.
De acordo com Wadih Damous, presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da entidade, “o uso da força está sendo praticado de forma desmedida e desproporcional e os nossos professores, que já são tão sofridos, não merecem apanhar em praça pública só porque reivindicam melhores condições de trabalho”. Damous lembrou que até os advogados, no exercício profissional, tem apanhado dos policiais.
“O diálogo ainda é a melhor solução. Os policiais não são jagunços. O papel da polícia é proteger a sociedade”, concluiu Damous.
Cenário de destruição após confrontos entre polícia e manifestantes
O cenário era de destruição nas ruas do Centro do Rio após a aprovação do projeto de plano de cargos e salários dos professores municipais na Câmara dos Vereadores. No início da madrugada desta quarta-feira dava para ver o tamanho do estrago. Pelo menos 12 agências bancárias foram quebradas e prédios depredados, assim como pontos de ônibus e orelhões, principalmente na Avenida Rio Branco, onde o cenário era devastador. Carros da Polícia Militar tiveram que ser deslocados para o local e PMs vigiaram agências destruídas.
Na Rua Santa Luzia, manifestantes usaram cocos verdes para destruir os vidros de uma agência. No Consulado Geral dos Estados Unidos da América, eles também jogaram pedras num dos vidros do local, que por ser possivelmente blindado, não foi quebrado.
Já na Rua México, bancas de jornais foram amassadas por chutes. Lá, uma agência teve um vidro arrancado e outros apedrejados. Na Rua Pedro Lessa, os estragos também foram grandes. Numa agência, radicais arrancaram barras de ferro, câmeras de monitoramento, máquinas que imprimem senhas de atendimento, além de extintores. Vidros também foram quebrados. "Destruíram tudo. Parece uma cidade fantasma. Onde isso vai parar?", indignou-se um policial militar.
Pontos de ônibus ainda foram alvos de manifestantes. Dois deles ficaram destruídos na Rua Araújo Porto Alegre. Próximo dali, os vidros de uma agência eram cobertos com tapumes por quatro homens.
Por causa do protesto violento e da ação truculenta da polícia, pontos de ônibus ficaram cheios durante a madrugada. Num deles na Rua Primeiro de Março, cerca de 30 pessoas se aglomeravam em busca de uma condução.
"Estou indo para Bangu agora (1h), pois não quis sair no meio do tumulto. Tive medo de descer do prédio quando vi manifestante quebrando tudo. Preferi esperar a madrugada para voltar tranquila", contou uma secretária que não quis se identificar.