Por paulo.gomes
Brasília - Marcella Fernandes Reginatto, de 17 anos, sempre foi fascinada pelas estrelas. Desenhar o céu e entender mais sobre constelações e planetas eram atividades alimentadas desde a infância, que a faziam sonhar com uma carreira de astrônoma. O sonho, agora, está mais próximo. Ela sente. O primeiro passo, segundo ela, será dado na semana que vem.
“Vou conhecer meu futuro local de trabalho”, ela brinca. A baiana, que mora em Brasília desde os cinco anos, vai participar de um acampamento astronômico na Itália. Para Marcella, apesar de curto – o curso começa no dia 26 e vai até 31 de janeiro de 2014 –, os dias serão de muito aprendizado. “Minha expectativa é de aprender bastante”, afirma.
A jovem conta que acorda todos os dias às 4h20 e percorre 65 quilômetros para estudar. Ela sempre quis cursar Física e se tornar uma astrônomaAlan Sampaio / iG

O evento é destinado a alunos do ensino médio e organizado pelo Observatório Europeu do Sul (ESO, sigla em inglês). Ele faz parte das iniciativas promovidas pelo centro, que está entre as maiores organizações de pesquisa astronômica do mundo e é financiada por diferentes países europeus, para divulgar a ciência.

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Esse será o primeiro acampamento do gênero e ocorrerá na região italiana de Nus, no Observatório Astronômico do Vale Aosta. Durante cinco dias, 55 estudantes de ensino médio selecionados em concurso para o programa vão participar de palestras, atividades práticas e observações noturnas com telescópios e instrumentos no observatório.
Concurso
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Para ser um dos jovens escolhidos, os candidatos deveriam demonstrar em foto, vídeo ou texto qual sua relação com a astronomia. Deveriam convencer os organizadores de que eles mereciam participar da experiência. “Eu contei da minha paixão pela astronomia desde criança, do incentivo que recebi do meu pai para seguir meus sonhos”, conta.
A jovem, que acorda todos os dias às 4h20 e percorre 65 quilômetros para estudar, sempre quis cursar Física na universidade e se tornar uma astrônoma. Mas, por um tempo, achou que não conseguiria. No colégio do Sesc em Taguatinga Norte, cidade do Distrito Federal, Marcella encontrou um apoiador para seu sonho: o professor de Física Demétrius Leão.
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Leão promove inúmeras atividades entre os alunos do ensino médio para divulgar a ciência que observa os astros. Faz observações com telescópios, viagens para olhar as estrelas. Em Marcella, viu a vontade de aprofundar os conhecimentos sobre a astronomia que ele tanto aprecia.
Marcella, que terminou o ensino médio agora, se candidatou a uma vaga na Universidade de Brasília para o curso de Física. Enquanto aguarda o resultado, vai sair do Brasil pela primeira vez. “No texto, falei que meu sonho é ser mais do que as muralhas, é atravessar as barreiras que a sociedade impõe e ser uma mulher que estuda Física”, recorda.
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Bolsas
Leão incentivou a estudante a se inscrever, mesmo sabendo que ela só poderia viajar se ganhasse uma das cinco bolsas oferecidas pelo observatório. “Ela não acreditava quando o resultado saiu. E logo ficou triste, porque não havia conseguido a bolsa. Mas eu prometi ajudá-la a ir”, relembra. O professor pediu apoio da escola e conseguiu.
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O Sesc vai financiar as passagens dos dois e os custos de inscrição dos dois. O professor vai acompanhar a jovem. “A expectativa em relação ao acampamento é enorme, porque o tema me fascina. Acho que será inesquecível”, diz. Marcella conta que não dormiu direito quando soube que a viagem daria certo. E brinca que pretende ficar por lá.
Marcella acredita que esse é um passo muito importante (e grande) para o seu futuro. Não quer perder nenhum minuto da oportunidade. “Tanta gente demora tanto a escolher o que quer fazer da vida. Essa já é uma alavanca gigantesca”, define.
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As informações são de Priscilla Borges