Rio - O governo do estado criticou nesta segunda-feira a paralisação dos profissionais de educação das escolas públicas estadual e municipal. De acordo com o Sindicato dos Professores (Sepe), a categoria reivindica, entre outros itens, reajuste salarial de 20%. Durante encontro entre empresários no Rio, o secretário de Planejamento, Sérgio Ruy Barbosa, afirmou que os educadores tiveram aumento real e que o estado tem investido na educação. A greve dos professores teve grande adesão na Zona Oeste da cidade.
"Esta greve é totalmente irreal, impossível de ser atendida. Em 7 anos de governo, as despesas com educação tem crescido 90% acima da inflação, e que desse número, 80% foi de aumento salarial. Ou seja, tiveram aumentos reais no salario", disse o secretário, antes do almoço promovido pela Lide, associação que reúne políticos e empresários, no hotel Copacabana Palace, na Zona Sul da cidade. O estado faz a proposta de 8%, que deve passar por votação na Alerj.
O secretário informa que o estado tem no orçamento R$ 9,6 bilhões na educação, do básico até a universidade, passando pelo ensino técnico. Segundo ele, o maior gasto é como pessoal. "É uma categoria em que 4 mil a 5 mil professores se aposentam por ano, e o maior número são as mulheres, porque tem regime social e por isso tem que ter contratação constante de professores".
O governado Pezão também participa do encontro. No evento, o governador deve falar dos investimentos do estado, dos R$ 22 bilhões em 7 anos em recursos investidos, podendo chegar a R$ 35 bilhões até fim deste ano.
'Greve é inoportuna'
A Secretaria de Estado de Educação lamentou nesta segunda-feira a decisão do Sepe. "A greve é inoportuna, já que os sindicatos estão em negociação com a Secretaria", pontuou comunicado. "Os maiores prejudicados com a greve são os alunos da rede pública", completou. A próxima reunião está marcada para esta segunda-feira. Segundo a secretaria, 218 professores, de um total de 75 mil (0,2%), faltaram ao trabalho. "Nenhuma escola deixou de funcionar".
A secretaria alega que a rede estadual do Rio paga, atualmente, R$ 16,90 pela hora-aula, valor maior do que a de SP (R$ 15,80); no ES é de 9,80; e em MG é de R$ 11,80. Outra ponderação feita pelo estado é que não há como equiparar os salários - outra reivindicação dos professores -, já que há professores que trabalham 16h, 30h e 40h.
Grande adesão na Zona Oeste
Segundo funcionários das escolas, a paralisação foi de 100% nas comunidades e de 50% no asfalto na Zona Oeste. De acordo com os professores, a adesão foi menor na Zona Sul, o que não chegou a interromper as aulas. A única unidade que optou pela paralisação total foi a Escola Municipal José de Alencar, em Laranjeiras.
Na Escola Municipal Senador Corrêa, também em Laranjeiras, a direção colou no portão o nome dos professores faltosos. Coordenador geral da Região 1 do Sepe, Haroldo Teixeira, frisou que a greve não está sendo realizada pela direção do sindicato. "A greve é da categoria. Por isso estamos visitando as unidades e conversando com os educadores que ainda não aderiram".
Rede estadual tem adesão maior que o ano passado
Na rede estadual, a adesão é maior que a do ano passado, embora o governo destaque que apenas 0,2% dos profissionais participaram da paralisação, o equivalente a 218 dos 75 mil professores.
O sindicato afirma que o estado e o município tem descumprido temas, principalmente pedagógicos, e que há pouco avanço nas medidas adotadas desde o fim da greve de 2013. Profissionais do estado pedem uma matrícula por escola, tempo para planejamento de aulas, redução de 40 para 30 horas, entre outros pontos discutidos pela categoria. O estado argumenta que já apresentou proposta acima da inflação.
Colaboraram: Felipe Freire, Marco Aurélio Reis, Aurélio Gimenez e Alessandra Horto