Rio - Escola de referência no estado, o Colégio de Aplicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (CAp-Uerj) amarga uma triste lição de abandono: problemas de infraestrutura, acessibilidade e falta de professor.
Os deputados Comte Bittencourt (PPS), que preside a Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), e Marcelo Freixo (Psol) visitaram ontem as instalações da instituição. Eles vão elaborar um documento para entregar à Reitoria da Uerj, ao governador, ao Ministério Público e também à Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia, responsável pela realização de concurso público para a instituição de ensino. “A escola não tem refeitório e nem merenda escolar. Há problemas de acessibilidade e o prédio também não possui rotas de fuga em casos de emergência”, comentou Bittencourt.
Uma das grandes questões da escola é o déficit de professores. Atualmente, 50% dos docentes são contratados e recebem R$ 17,77 pela hora-aula (metade do que recebem concursados recebem). “Os contratados não são pagos para irem à reunião de pais e nem para desempenhar atividades extraclasse”, lamentou a dona de casa Elza Vieira, representante dos pais de alunos do CAp-Uerj.
Em ano eleitoral, a situação da docência no CAp é mais preocupante. Nenhum concursado pode assumir cargos públicos. Parte dos contratos dos temporários vence até outubro e há uma decisão judicial de 2009 que dificulta a renovação. “Um de nossos pleitos é que a Uerj permita que façamos processo seletivo de professores para terminar o ano letivo”, explicou o diretor Lincoln Tavares. Procurada, a Uerj não se manifestou.
CPI do ensino à distância
Depois do escândalo do Instituto Latino de Ciência e Tecnologia, sediado em Campo Grande, que emitia diplomas de conclusão de ensino médio falsos, fraudes nas autorizações para institutos de ensino entraram em debate. Nesta quinta-feira, o deputado Paulo Ramos (Psol) recolheu 25 assinaturas (uma a mais do que o necessário) para instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o tema.
“Já temos vários casos acumulados ao longo de anos para analisar na CPI. Há uma profusão de concessões, a parcela de aulas presenciais não é cumprida e há venda de diplomas. A intenção é levantar como funciona o ensino a distância atualmente”, explicou Ramos.