Rio - Um ano e meio após o fechamento das faculdades, 300 alunos da Universidade Gama Filho e UniverCidade receberam seus diplomas ontem. A entrega foi feita pela Universidade Estácio de Sá, que recebeu mais de 7 mil alunos das duas instituições mantidas pelo Grupo Educacional Galileo, descredenciado pelo Ministério da Educação (MEC) em janeiro. Outros mil formandos estão na lista para a colação de grau até dezembro.
A emissão dos diplomas foi possível graças a uma portaria do MEC emitida em março. A decisão permitia que a Estácio de Sá e a Universidade Veiga de Almeida, também responsável por acolher estudantes da Galileo, emitissem os documentos sem que os alunos estudassem nas duas faculdades. “Esta medida é inédita na Educação e foi a única saída para estes estudantes”, explicou a defensora pública do Rio, Larissa Davidovich, responsável pela instauração da Ação Civil Pública de 10 mil alunos contra a Galileo.
Sem o diploma, a formanda em Direito da Gama Filho, Charleny Leite, de 27 anos, não conseguia exercer a profissão desde a conclusão de seu curso, no início do ano passado. “Foram quatro anos de dedicação para no final não conseguir nem colar grau”, relatou Charleny, que ontem recebeu seu diploma pela Estácio. Afundado em processos, o Grupo Galileo coleciona diversas multas por descumprimentos judiciais. Em uma ação da Defensoria Pública, a dívida chega a mais de R$ 24 milhões.
“Eles (a Galileo) continuam o descumprimento absoluto. Uma liminar de 28 de fevereiro exigia que a Gama Filho entregasse os diplomas e documentos aos seus ex-alunos e nada foi feito”, argumentou a defensora. Outra desobediência é relacionada à entrega das pastas e históricos dos estudantes. “Estamos fazendo tudo baseado nos documentos que os alunos trazem”, acrescentou Carlos Eduardo Nunes, coordenador da Estácio de Sá.
Um dos advogados da Galileo, Jamil Alves da Silva alegou que nada pode ser feito porque toda a empresa está bloqueada. “Apenas a parte fiscal está funcionando. A Galileo vai aguardar o julgamento do recurso”, contou Jamil. Em março, o grupo entrou na Justiça contra o descredenciamento, exigindo R$ 6 milhões do MEC em reparação por danos morais.