Por paulo.gomes

São Paulo - Ter uma cozinha digna de capa de revista é desejo de dez entre dez pessoas. Mas nem sempre um projeto de extrema beleza é sinônimo de praticidade e funcionalidade no dia a dia. Uma ideia perfeita para um espaço ou tipo de uso, pode não ser para outro se forem analisadas questões fundamentais como ventilação, circulação e iluminação. Por isso, é preciso, antes de tudo, ter em mente qual o espaço disponível, as necessidades e características de quem utilizará mais o ambiente (os donos ou a empregada), qual será a frequência do uso (diário ou eventual), quais os hábitos da família (cozinha-se muito ou pouco, faz-se muita fritura, suja muita louça...) e qual o estilo que se deseja. “Nem tudo o que se vê nas revistas e mostras serve às diferentes realidades. Principalmente nos espaços cada vez mais reduzidos dos apartamentos”, afirma Ana Luiza Taranto, gerente de projetos da Todeschini.

Cuidado%2C nem sempre um projeto de extrema beleza é sinônimo de praticidade e funcionalidade no dia a diaDivulgação

A ilha, por exemplo, é um dos sonhos que exigem grandes metragens para ser realizado. “Ela fica linda, mas precisa ter circulação por todos os lados”, diz a arquiteta Fernanda Amaral, da Ornare. A mesma preocupação com área livre serve para o posicionamento de móveis e eletrodomésticos. Afinal, ninguém quer ficar sem poder abrir a porta do armário ou puxar a gaveta da geladeira, certo? Para isso, deixe ao menos 80 cm de circulação e 15 cm entre a geladeira e a lateral.

Triangular a disposição dos principais equipamentos da cozinha – fogão, geladeira e pia – também deve ser priorizado para minimizar a necessidade de grandes movimentações durante os preparos. “Deixar os eletrodomésticos um ao lado do outro não é prático no dia a dia, mas se a cozinha for muito estreita, não há muito como fugir disso. Nesse caso, prefira deixar o fogão e a geladeira de lados opostos ao lado da pia“, indica Ana Luiza. Incluir um porta-temperos ao lado do fogão e deixar uma boa área de bancada livre são outros aspectos que ajudam e devem ser previstos no projeto.

Abrir a cozinha para a sala ajuda a ganhar espaço, mas com a eliminação das paredes é preciso ficar atento para que a sujeira não se espalhe para os outros ambientes, principalmente se a fritura é uma constante no cardápio da família. “Nesses casos, instalar uma coifa potente é fundamental”, garante a gerente. Mas, antes, é preciso verificar se o prédio permite a instalação do sistema de exaustão, que jogará os vapores para a área externa. “O depurador, que só filtra o vapor, não é o mais indicado”, completa.

Outro fator a se ponderar é a quantidade e tamanho dos eletrodomésticos em relação à necessidade de armários. “Não adianta querer colocar geladeira duplex, micro-ondas, lava-louça, forno e cooktop em um espaço reduzido, e ainda querer ter muitos armários (ainda que planejados). Não vai caber. É preciso priorizar”, explica José Ferro, arquiteto da Evviva Bertolini.

O mesmo vale para a escolha dos acabamentos e materiais. “A cozinha é uma área que acumula gordura, então é preciso prever a facilidade na manutenção”, lembra a arquiteta Camila Klein. Evite vidro, laca e espelho em locais de grande uso ou se as crianças têm acesso à cozinha. Na bancada, dê preferência a pedras com baixa porosidade, como o granito preto São Gabriel, ou a materiais sintéticos, que permitem escolher sua forma e cor. A única desvantagem desses últimos é o alto custo, que pode chegar a 300% do valor da pedra. O inox e o alumínio também são alternativas, mas costumam riscar com facilidade.

Durante o planejamento dos armários, leve em consideração a profundidade e a posição das tomadas, interruptores e sifão. “Além da medida dos eletrodomésticos que não serão trocados e suas voltagens”, lembra Camila. Na hora de instalar, leve em consideração questões de ergonomia, como a altura das pessoas que mais utilizarão a cozinha, para prever a altura da pia e dos armários superiores. “É preciso que as pessoas consigam alcançá-los facilmente para abrir e fechar, principalmente se tem portas basculantes, pedido que vem crescendo muito”, afirma Ana Luiza.

Se for optar por gavetões, verifique a qualidade das ferragens para que as corrediças não emperrem com o tempo. Caso queira começar a dar um toque colorido ao ambiente, invista em peças pontuais como um painel, um eletrodoméstico ou um conjunto de portas. No chão, escolha revestimentos antiderrapantes e fáceis de limpar.

E não se esqueça de fazer um bom projeto de iluminação. Afinal, ninguém quer ter de cozinhar no escuro. “Valorize a iluminação natural (o que também ajudará na circulação do ar) sempre que possível”, aponta Fernanda. Caso precise, luzes de LED podem ser instaladas sobre a bancada de preparação para ajudar a visualização.

As informações são de Juliana Bianchi

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