Por thiago.antunes

Rio - O prefeito Eduardo Paes negou nesta segunda-feira que o terreno onde iria ser realizada a vigília e a Missa de Envio, em Guaratiba, seja Área de Preservação Permanente, ou seja, não edificável. O Ministério Público, no entanto, aguarda um laudo para confirmar ou contestar a informação sobre o terreno. No local, o município pretende construir um conjunto habitacional.

Nesta terça, um decreto publicado no Diário Oficial desapropria 1,8 milhão de metros quadrados da área. O valor da indenização depende da perícia judicial. Um dos sócios do espaço é Jacob Barata Filho, um dos maiores empresários de ônibus no Rio.

Paes afirmou que, desde 2010 , existe um licença do Instituto Estadual do Meio Ambiente (Inea) para a construção de um conjunto habitacional no local. A autorização tem validade até 2016. O modelo de construção será como no Bairro Carioca, com creche, escola e Clínica da Família . Amanhã haverá uma reunião com o MP, o Inea e o Instituto de Arquitetos do Brasil para definir o plano de atuação.

O palco do Campus Fidei%2C em Guaratiba%2C onde os eventos finais da Jornada foram cancelados por causa da chuva Carlos Moraes / Agência O Dia

“Vamos fazer ali um bairro popular, mas não é para levar mais gente para a Zona Oeste. A nossa ideia é fazer um bairro para justamente resolver situações absurdas (de infraestrutura) que existem em Guaratiba e dar uma oferta de moradia para quem está em condições ruins”, afirmou Paes.

Os moradores de Guaratiba estão sem saber o que fazer depois da Jornada Mundial da Juventude. “O meu vizinho cedeu o seu terreno para a retirada do aterro que foi levado para o Fidei. Vieram aqui dezenas e mais dezenas de caminhões da prefeitura, que danificaram toda a região, as ruas, o que restava de asfalto e as manilhas. Já liguei para a prefeitura, fui à 26ª Região Administrativa, na subprefeitura de Campo Grande, mas não dão resposta alguma”, se revolta Leci Pereira da Silva, com os protocolos de atendimento em mãos.

A doméstica Marlene dos Prazeres demonstra tristeza em não poder ver o Papa de perto e lembra que o Campus Fidei ainda está coberto de lama. “Seria um momento único para os moradores. O Papa Francisco passou pelo Rio e a lama ficou aqui. Aqui existia um mangue, que foi aterrado. Ainda há barro no local. Talvez, com a vinda dele em 2017, Pedra de Guaratiba seja contemplada com sua visita”, disse, esperançosa.

Economia do Rio turbinada em R$ 1,2 bilhão

Representantes do comércio e do setor de prestação de serviços estão otimistas quanto ao faturamento durante e pós JMJ. Para Aldo Gonçalves, presidente do Conselho de Comércio de Bens e Serviços da Associação Comercial do Rio, da Câmara de Dirigentes Lojistas, e Sindilojas, a expectativa de crescimento estimado em 10% das atividades de varejo de rua, bares, restaurantes, supermercados, shopping centers, estabelecimentos culturais e pontos turísticos, deve ser ultrapassada.

Infográfico mostra estatísticas da JornadaArte%3A O Dia

“A multidão surpreendeu. O percentual será maior”, disse Aldo. “Provavelmente mais de R$ 300 milhões foram injetados no comércio. A previsão era de R$ 273,9 milhões”, aposta o economista Fábio Bentes. Considerando outros setores, como hospedagem e transporte, a economia da cidade deve ter sido turbinada com R$ 1,2 bilhão a mais, adiantou o prefeito Eduardo Paes.

Para atender à demanda dos peregrinos da Jornada, os transportes públicos atuaram na sua capacidade máxima. Os trens da SuperVia circularam ininterruptamente por quatro dias e as roletas contabilizaram 3 milhões de ingressos. De acordo com a SuperVia, os dias 23 (terça-feira) e 24 (quarta-feira), com respectivamente 592 mil e 589 mil passageiros, estão entre as maiores lotações da história da concessionária.

Outros três milhões de passagens foram registradas no Metrô. Já os 8.800 ônibus urbanos foram demandados 3,5 milhões de vezes. O MetrôRio informou que o fluxo de pessoas correspondeu a cinco festas de Réveillon.

Você pode gostar