Por raphael.perucci

Rio - A cada mês, dez pessoas procuram o Ambulatório de Urologia Reconstrutora do Hospital Universitário Pedro Ernesto. O motivo: fazer uma cirurgia de mudança de sexo. Hoje, há cerca de cem pessoas na fila de espera e 100% dos casos têm relação com o Transtorno de Identidade Sexual na Infância, segundo o psiquiatra do ambulatório, Miguel Chalub.

Como O DIA publicou neste domingo, sinais do distúrbio começam entre 3 e 5 anos. A criança sofre por pertencer a um gênero e desejar ser do outro. É o caso de meninos que têm rotina insistente em se vestir com roupas femininas e se interessam o tempo todo por assuntos do universo das garotas. Pode ocorrer com meninas também.

Nesta faixa etária, o transtorno não tem nada a ver com homossexualidade, porque questões como a atração física só ocorrem na adolescência. “O sentimento que leva as pessoas à procura pela cirurgia começa na infância e às vezes a família não identifica”, explica Chalub, acrescentando que a maior parte dos pacientes teve problemas familiares.

O Transtorno de Identidade Sexual afeta mais os garotos e têm como raiz pais ausentes. “São mães dominadoras e pais ausentes. O garoto não quer ser o pai fraco, e sim a mãe forte”, diz. Adolescente, o rapaz pode apresentar o desejo de virar mulher e pensa que está no ‘corpo errado’. “O órgão genital é visto como anomalia”, cita.

Angústia de estar num ‘corpo errado’

O psiquiatra Miguel Chalub considera o transtorno envolvendo mulheres mais ‘misterioso’. Os casos, que correspondem a 10% do total, estão ligados à luta contra a ideia de que mulher é frágil e precisa ser protegida. A angústia por pertencer a um ‘corpo errado’, porém, é a mesma em ambos os gêneros, diz o médico. “Elas querem interromper a menstruação e usam faixas bem apertadas para esconder os seios”, declara.

Para homens e mulheres, a operação é vista como solução de problemas, mas o psiquiatra afirma que nem todos podem se submeter à técnica. Pessoas com desequilíbrios mentais não são operadas. A mudança de homem para mulher dura, em média, seis horas, e o inverso, de seis a oito.

Você pode gostar