Beirute (Líbano) - As discussões entre os Estados Unidos e a Rússia acerca da convocação de uma conferência de paz sobre a Síria não resultaram em nenhum acordo nesta terça-feira, mantendo-se as divergências sobre quando o evento ocorrerá e quem serão os convidados.
O chanceler saudita, príncipe Saud al-Faisal, acusou o governo sírio de "genocídio" e descreveu o envolvimento no conflito de milícias estrangeiras apoiadas pelo Irã como sendo "o desenrolar mais perigoso".
Washington e Moscou anunciaram em maio a intenção de promover uma conferência de paz para a Síria, mas suas divergências sobre esse assunto se agravaram rapidamente, num momento em que o pêndulo no campo de batalha oscilou em favor das forças do presidente Bashar al-Assad, aliado da Rússia.
Os Estados Unidos decidiram neste mês oferecer ajuda militar aos rebeldes contrários a Assad, ao passo que os russos continuam fornecendo armas às forças do governo.
Após cinco horas de discussões patrocinadas pela ONU em Genebra, o vice-chanceler russo, Gennady Gatilov, disse que ainda não há acordo sobre a conveniência de convidar o Irã, aliado de Assad e inimigo dos Estados Unidos, para a conferência, e sobre quem deve representar a oposição síria.
"Há um desacordo, por exemplo, sobre se o Irã deve ou não participar. Do nosso ponto de vista, a participação do Irã na conferência é necessária porque pode desempenhar um papel importante como um dos países da região", disse ele a repórteres. Os EUA são contra incluir o Irã nas negociações em meio às contínuas divergências sobre seu polêmico programa nuclear.
Gatilov acrescentou que a Rússia gostaria que a delegação da oposição representasse todos os principais grupos, mas não deu mais detalhes sobre essa posição.
Com esses impasses, a conferência não deve ocorrer antes de agosto ou setembro. Os Estados Unidos e potências da Europa Ocidental se alinharam com os países árabes e a Turquia em seu apoio aos rebeldes, majoritariamente sunitas.
A Rússia e o Irã apoiam Assad, que conseguiu vitórias militares expressivas nas últimas semanas com a ajuda de milhares de combatentes da milícia xiita libanesa Hezbollah, patrocinada pelo Irã.
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, e o chanceler russo, Sergei Lavrov, vão se reunir na semana que vem, e novas discussões sobre a conferência devem se seguir, disse a ONU em nota.
Em Damasco, ativistas da oposição disseram que as forças de Assad dispararam morteiros e foguetes contra os bairros de Zamalka e Irbin, logo a leste do centro, que está sob controle governamental.
?Reuters