Washington - O presidente dos EUA, Barack Obama, inicia nesta quarta-feira uma viagem africana pelo Senegal, África do Sul e Tanzânia, centrada em fomentar o comércio e o investimento no continente, em um momento no qual o estado de saúde do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela é manchete dos principais meios de comunicação do continente.
"A África quer investimentos e particularmente investimentos americanos", disse hoje em um fórum empresarial o representante de Comércio Exterior dos EUA, Mike Froman, que acompanhará Obama na viagem. Enquanto a África se transforma em um mercado cada vez mais atrativo, esperamos aumentar as exportações" ao continente, acrescentou Froman.
O representante também destacou as "histórias de êxito" que estão acontecendo na África, especialmente entre os jovens, com quem Obama "falará diretamente" durante sua viagem. Apesar do caráter econômico que a Casa Branca quer dar à viagem, o certo é que o delicado estado de saúde de Nelson Mandela poderia provocar mudanças na agenda de Obama, que estará acompanhado pela primeira-dama, Michelle, e suas duas filhas, Malia e Sasha.
Mandela é um "herói" para Obama, lembrou na segunda-feira o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, que rejeitou especular sobre o impacto que a piora da saúde do ex-presidente possa ter na viagem. A princípio Obama não visitará Mandela, internado desde 8 de junho em um hospital em Pretória e em estado "crítico" desde domingo, segundo anunciou nesta terça a ministra das Relações Exteriores da África do Sul, Maite Nkoana-Mashabane.
"Em meu país, as pessoas da idade de Mandela ficam tranquilas para que se recuperarem", disse a ministra aos jornalistas. A ministra também acrescentou que Obama adoraria ver o ex-presidente e antecipou que o líder americano pode se reunir com representantes da Fundação Mandela.
A agenda oficial da viagem começará em Dacar na quinta-feira com uma reunião de Obama e o presidente senegalês, Macky Sall, seguida de um evento para destacar a importância da independência judicial. Obama e a primeira-dama visitarão depois a ilha de Gorée, ponto de saída de milhões de escravos rumo às Américas entre os séculos XVI e XIX. Na sexta-feira, Obama participará de um ato sobre segurança alimentar, uma "prioridade" de sua administração, junto com líderes agrícolas do Senegal e de outros países de África Ocidental.

Já na África do Sul, no sábado o líder se reunirá com seu colega deste país, Jacob Zuma, com quem abordará assuntos como a segurança, a promoção da democracia e a situação entre Sudão e Sudão do Sul. No domingo os Obama visitarão a Ilha Robben, onde Mandela esteve preso, para "render tributo a seu extraordinário sacrifício", segundo a Casa Branca, e na Cidade do Cabo irão a um centro comunitário em companhia do arcebispo Desmond Tutu, prêmio Nobel da Paz.
Segunda-feira, já em Dar-es-Salam, Obama se reunirá com seu colega tanzaniano, Jakaya Kikwete, e terá uma reunião com líderes empresariais para aumentar as relações comerciais com esse país. Para concluir a viagem, na próxima terça-feira Obama depositará uma oferenda na embaixada em homenagem às vítimas dos atentados contra as sedes diplomáticas americanas no Quênia e Tanzânia de 8 de agosto de 1998, onde morreram cerca de 250 pessoas e outras 4 mil ficaram feridas.
Na viagem, não foi incluída uma visita ao Quênia, onde nasceu o pai de Obama, porque "não é o melhor momento" para visitar esse país devido às recentes eleições e à chegada de um novo Governo, de acordo com o assessor adjunto de Segurança Nacional do líder, Ben Rhodes.