
Lisboa (Portugal) - Pesquisadores da Universidade de Aveiro conseguiram alterar o código genético do fungo Candida albicans. O trabalho é inédito na história da ciência. O conhecimento de biologia acumulado nos diversos países até então assegurava que o código genético era imutável.
“A comunidade científica internacional entendia que isso não era possível”, diz o coordenador da pesquisa, Manuel Santos, professor do Departamento de Biologia da universidade e pesquisador do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar.
Ele explica que a investigação científica pode ter como desdobramento a compreensão sobre microrganismos que afetam a saúde humana e se tornam tolerantes a medicamentos. A pesquisa abre ainda a possibilidade de criar novas proteínas de aplicações múltiplas. “A investigação abre nova expectativa de produzir proteínas novas, com interesse para a biologia e biotecnologia, e é também uma porta para entender a resistência”, disse Santos.
Conforme nota divulgada pela Universidade de Aveiro, o fungo Candida albicans é o quarto microrganismo patogênico mais comum nas causas de infecções. Os cientistas também esperam conseguir manipular o código genético de outros seres vivos para produzir microrganismos de interesse da biomedicina.
O código genético é um conjunto de regras químicas que as células utilizam para traduzir em uma proteína as informações contidas nos seus genes. “Isso é diferente do genoma”, chama a atenção o pesquisador. “O genoma funciona como um disco rígido de computador, é um repositório de informações. O código genético é como o software utilizado para acessar as informações”, explica.