Cairo - Em discurso à nação nesta terça-feira, o presidente egípcio, Mohammed Mursi, anunciou a iniciativa para a formação de um governo de união nacional e de um comitê para emendar a Constituição do país. Ele declarou que não vai renunciar ao cargo.
Dentro dessa iniciativa, será abordada com as forças políticas a realização de eleições legislativas em um prazo de seis meses. No discurso, Mursi destacou que "não há alternativa à legitimidade" e pediu aos egípcios que não sejam violentos com o Exército, depois que as Forças Armadas concederam ontem um prazo de 48 horas ao presidente para "atender as reivindicações do povo".
Para o presidente islamita, o país enfrenta o "desafio dos seguidores do antigo regime" de Hosni Mubarak, que "querem manipular a ira dos jovens, que têm o direito de estar zangados". Mursi insistiu em repetidas ocasiões ao longo de seu pronunciamento que a legitimidade constitucional está com ele, e que, por isso, não pensa em renunciar a seu cargo.
O presidente destacou que o povo egípcio o elegeu em eleições limpas e democráticas, e que, embora "não tivesse anseio pelo poder", está comprometido com sua missão. Apesar disso, pediu aos egípcios que não derramassem o sangue de seus compatriotas e lembrou que só poderia declarar a jihad (guerra santa islâmica) contra os "inimigos do país".
Em mensagem divulgada pouco antes do discurso através de sua conta no Twitter, Mursi solicitou às Forças Armadas que retirem sua advertência e rejeitou "qualquer interferência interna ou externa".
Em seu ultimato, o exército egípcio pediu ontem às forças políticas que "assumam sua responsabilidade e atendam as reivindicações do povo" em um prazo de 48 horas, que expira amanhã.