Cairo - Partidários e opositores do deposto presidente Mohammed Mursi se enfrentam nesta sexta-feira com pedras, morteiros e com disparos de balas de borracha perto da praça Tahrir, no Cairo, após mais um dia de protestos. Os manifestantes levantaram barricadas na ponte 6 de Outubro, sobre o rio Nilo, em meio a um ambiente de crescente tensão na área. Pelo menos 17 pessoas morreram, segundo o Ministério da Saúde, citado pela TV estatal.
O líder da Irmandade Muçulmana, Mohammed Badía, disse que o grupo seguirá se manifestando até que o deposto presidente egípcio, Mohammed Mursi, volte ao poder. "Permaneceremos em todas as praças até a restituição do nosso presidente", afirmou Badía em discurso diante de seus seguidores na praça Rabea al Adauiya, no leste do Cairo, o que desmente as informações que apontavam para a sua possível detenção.
O líder espiritual da Irmandade apontou que seu grupo reconhecerá apenas a legitimidade de Mursi e das instituições escolhidas democraticamente, como a Shura, câmara alta do Parlamento. "Sacrificaremos nossas almas por Mursi", disse Badía, ao mesmo tempo que exigiu das Forças Armadas que "não apoiem uma só facção".
Na última quarta-feira, as Forças Armadas deram um golpe de estado e nomearam como novo presidente interino Adly Mansour, chefe do Tribunal Constitucional, que hoje dissolveu a câmara alta, dominada pelos islamitas.
"O golpe militar e todas as medidas adotadas são nulas", afirmou o líder da Irmandade Muçulmana, que acrescentou que as Forças Armadas devem "proteger as fronteiras e envolver-se na política". "Com nossos peitos abertos, somos mais fortes que as balas", ressaltou Badía, que disse defender a religião e a revolução de 2011, que desbancou do poder o presidente Hosni Mubarak. Badía negou estar foragido depois de a imprensa oficial ter dito ontem que ele estava detido na cidade de Marsa Matruh, perto da fronteira com a Líbia, e de a promotoria ter emitido uma ordem de detenção contra ele por supostamente instigar à violência.