Londres (Inglaterra) - Uma equipe de cientistas britânicos iniciará um mapeamento genético do câncer de pulmão em uma tentativa de avançar no estudo da doença, informou nesta quinta-feira a emissora britânica "BBC". O projeto, realizado com os genes causadores de tumores de 850 pessoas diagnosticadas, procura identificar as mutações genéticas mais comuns do câncer de pulmão e descobrir por que se transforma em um dos tumores com maior resistência ao tratamento.
Assim, os cientistas acreditam que o mapa genético servirá para o desenvolvimento de medicamentos que se centrem nestas mutações genéticas e nas diferentes períodos da doença. Para isso, a pesquisa conta com cientistas de várias cidades de todo Reino Unido e com um investimento de 14 milhões de libras (R$ 14 milhões).
O pesquisador que lidera o projeto, Charlie Swanton, disse à emissora britânica que alcançar conquistas nos tratamentos de câncer de pulmão é um desafio, mas que a equipe espera mudar o panorama. "Nossa maior esperança é compreender como o tumor de pulmão muda e se adapta com o tempo. Assim, esperamos alcançar uma melhor percepção, com a qual desenvolveremos bons tratamentos que parem essas mudanças a tempo", disse Swanton.
Realizando primeiro um perfil genético de cada um dos 850 pacientes, os pesquisadores pretendem decifrar como se desenvolve e como evolui o tumor ao longo de nove anos. O diretor do centro de pesquisa do câncer do Reino Unido, Harpal Kumar, disse que outro grande problema do câncer de pulmão é que a doença costuma ser diagnosticada tarde demais.
Ainda segundo o especialista, atribuir a doença somente ao abuso do tabaco é um "mito" e que, além disso, podia lastrear o estudo desse tipo de câncer e o desenvolvimento de possíveis fármacos.
"O tabaco causa um quarto de todos os tipos de câncer, não apenas o de pulmão. Mas seria errôneo pensar que todo câncer de pulmão vem do tabaco", já que dois de cada dez cânceres deste tipo não estão relacionados com o tabagismo, disse Kumar. No Reino Unido, onde o
câncer de pulmão tem as maiores taxas de mortalidade, todos os anos são diagnosticadas 42 mil pessoas com a doença.
