Brasília - A fama atribuída aos norte-americanos está chegando ao Brasil. Pela primeira vez, mais da metade da população adulta (51%) está acima do peso e fração equivalente a 17% está obesa. O alerta vale também para a cidade do Rio de Janeiro, que registra índices acima da média nacional: 52% e 19% respectivamente. Os dados, divulgados pelo Ministério da Saúde, são da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2012.
Foram entrevistadas 45,4 mil pessoas com mais de 18 anos, de todas as capitais do país, entre julho de 2012 e fevereiro de 2013. O panorama é pior do que o da primeira edição do Vigitel, em 2006, quando o percentual de gordinhos era de 43% e de obesos, 11%.
“Se não tomarmos as medidas necessárias agora, corremos o risco de chegar a patamares de obesidade como os do Chile e dos Estados Unidos”, disse o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. A obesidade é uma das causas de doenças crônicas não transmissíveis (diabetes, hipertensão, câncer), responsáveis por 72% das mortes no país.
Uma das explicações para o mau desempenho do brasileiro na pesquisa é a má alimentação. Apenas 22,7% da população tem padrão satisfatório de consumo de frutas, verduras e legumes (cinco ou mais porções por dia, em pelo menos cinco dias da semana). Além disso, 31,5% da população não dispensa carne gordurosa, 53,8% bebe leite integral e 26% refrigerantes regularmente.
“Há um mito de que o leite desnatado perde as propriedade nutritivas, mas a perda é só de gordura”, disse secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa.
Ainda de acordo com o Vigitel, frutas e hortaliças estão presentes regularmente no cardápio de 45% dos brasileiros que concluíram, no mínimo, 12 anos de estudo. O percentual cai para 29% entre as pessoas que estudaram até oito anos. A gordura saturada também é mais comum na mesa das pessoas com menor escolaridade: 32% comem carne com excesso de gordura e 53% bebem leite integral regularmente.
Mais estudo, mais bebida
Homens com mais de 12 anos de escolaridade estão entre os que mais abusam de bebida alcoólica. Segundo o Vigitel, 31,9% consumiram mais de cinco doses em uma ocasião, nos 30 dias que antecederam a pesquisa. Entre os homens com até oito anos de estudo, o índice foi de 24,3%. Já o percentual total de pessoas que abusaram do álcool nesses dois grupos de escolaridade foi, respectivamente, 22% e 15%.
Na análise por faixa etária, pessoas entre 25 e 34 apresentaram os maiores índices de abuso: 24,7% têm esse hábito. Em segundo lugar, estão os que têm entre 18 e 24 anos (21,8%). Apenas 5% de idosos com mais de 65 excederam o consumo de álcool.
No Rio de Janeiro, 19% da população apresentou consumo abusivo de bebida e 5% declararam que dirigem após a ingestão de qualquer quantidade de álcool. Entre as pessoas com maior nível de escolaridade, a taxa chega 11,7%