Por julia.amin

Washington - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, antecipou nesta terça-feira os detalhes do discurso que fará na quarta em comemoração ao histórico "I have a dream" ("Eu tenho um sonho"), e advertiu que "não será tão bom" quanto o que Martin Luther King fez há 50 anos.

"Permitam-me dizer, para constar, que não será tão bom como o discurso de 50 anos atrás", disse Obama em entrevista concedida hoje ao programa de rádio "Tom Joyner Show", na qual o líder acrescentou que ainda está trabalhando no texto. "Tudo o que posso fazer em uma ocasião como esta é celebrar as conquistas de todas as pessoas que se apoiaram nos ombros de Martin Luther King, e lembrar ao povo que ainda há muito para ser feito além de honrar seu discurso", insistiu o presidente.

Obama fará discurso na quarta-feiraReuters


Obama não quis comparar o ato desta quarta-feira com o de Luther King (1929-1968), durante o qual o reverendo "se apoderou das esperanças e dos sonhos de toda uma geração", segundo ele. "Eu só quero que passe logo. Porque o discurso do Doutor King na Marcha sobre Washington, é, talvez, um dos cinco grandes discursos da história dos Estados Unidos", garantiu o líder.

"I have a dream", a histórica declaração feira por King durante a Marcha sobre Washington por Trabalho e Liberdade, no dia 28 de agosto de 1963, foi o "empurrão" necessário para materializar uma mudança demandada durante meses no país em relação aos direitos civis. Obama se colocará nesta quarta-feira no mesmo lugar onde King pronunciou aquelas palavras, no monumento a Abraham Lincoln em Washington, para oferecer ao público um discurso de homenagem que também será um desafio, inclusive para um líder que muitos consideram como herdeiro da oratória e do ímpeto do ícone da luta racial.

Os ex-presidentes americanos Jimmy Carter e Bill Clinton também participarão do evento junto com Obama. John Lewis, o único orador vivo da marcha de 1963, disse à Agência Efe que o fato de os Estados Unidos terem eleito seu primeiro presidente negro, não significa que a luta pela igualdade tenha terminado. "A luta pelos direitos civis vai muito além de ter uma pessoa negra como presidente. Não podemos nos satisfazer só com isso", ressaltou.

Consciente disso, Obama evitou mencionar sua "condição histórica" de primeiro presidente negro, e já em seu discurso de posse em 2009 advertiu que não governaria para a população negra, mas "para todos os americanos". O líder político, que inaugurou em 2011 o monumento em memória a King em Washington, é um de seus maiores admiradores, e mantém um busto do reverendo no Salão Oval da Casa Branca. Além disso, costuma citá-lo com frequência em seus discursos oficiais. Exemplo disso são as duas cerimônias de posse como presidente, a primeira em janeiro de 2009, quando instituiu jornadas de voluntariado social em memória ao líder assassinado; e a mais recente em janeiro deste ano, ao jurar seu cargo sobre uma Bíblia que pertencia ao ativista.

Ao receber o prêmio Nobel da Paz, em 2009, Obama também inspirou seu discurso na vida de King, que ganhou o mesmo título em 1964, e nos princípios que o reverendo defendeu até ser assassinado. As celebrações pelo 50º aniversário começaram no último fim de semana. No sábado, dezenas de milhares de pessoas "repetiram" a histórica "Marcha" pelas ruas da capital americana. Obama preferiu esperar a data exata da efeméride para homenagear seu ídolo.

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