Por juliana.stefanelli

Vaticano (Itália) - O jornal italiano "La Repubblica" publicou nesta quarta-feira uma longa carta do papa Francisco na qual o pontífice se dirige aos não crentes e lhes garante que "Deus perdoa a quem obedece a sua própria consciência". A carta de quatro páginas é uma resposta ao fundador do jornal, Eugenio Scalfari, que em vários artigos questionava o papa em nome dos que como ele "não acreditam e não buscam Deus".

"É preciso levar em conta que a misericórdia de Deus não tem limites se alguém se dirige a ele com o coração sincero e arrependido. A questão para quem não acredita em Deus é obedecer a sua própria consciência", respondeu assim Francisco à pergunta de Scalfari sobre se o deus dos cristãos perdoa a quem não acredita. "Escutar e obedecer (à consciência) significa decidir perante o que se percebe como o bem ou como o mal".

Sobre o tema da fé e o laicismo proposto por Scalfari, o papa Francisco garantiu que "chegou a hora de um diálogo aberto e sem preconceitos que abra novamente as portas para um encontro sério e fértil". O papa argentino respondeu outros temas apresentados por Scalfari como se "é pecado ou um erro" crer que não existe "um absoluto".

"É preciso levar em conta que a misericórdia de Deus não tem limites se alguém se dirige a ele com o coração sincero e arrependido"EFE

Sobre isso afirmou que também não se pode falar de "verdade absoluta" para quem acredita, pois "a verdade, segundo a fé cristã, é o amor de Deus por nós em Jesus Cristo e, portanto, a verdade é uma relação". "Cada um recebe a verdade e a expressa a partir de si mesmo, de sua história, de sua cultura e da situação onde vive", acrescentou.

A respeito do questionamento de que "com o desaparecimento do homem da terra", desaparecerá também o "pensamento em Deus", Francisco respondeu que "a grandeza do homem é poder pensar em Deus", mas que "Deus não depende de nosso pensamento". Quando terminar a vida do homem na terra, "o homem não terminará de existir e, de uma forma que não sabemos, também não deixará de existir o universo criado com ele".

O papa explicou que "sem a Igreja" nunca teria encontrado Jesus e acrescentou que "o imenso dom da fé está conservado em recipientes de argila da nossa humanidade". Francisco terminou sua carta afirmando que "a Igreja, apesar de toda a lentidão, infidelidades, erros e pecados que pode ter cometido e que ainda pode cometer através daqueles que a compõem, não tem outro significado senão o de viver e dar testemunho de Jesus".

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