Washington (EUA) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse neste domingo que trocou cartas com o novo presidente do Irã, Hassan Rouhani, que se comprometeu a atuar com firmeza para evitar qualquer intervenção ocidental na Síria.
Em entrevista concedida ao programa "This Week", da emissora "ABC", Obama afirmou que a ameaça americana de usar força militar na Síria e a diplomacia que seguiu é um sinal ao regime iraniano sobre seu controvertido programa nuclear, que os Estados Unidos acreditam ter ambições bélicas não declaradas.
"Acho que os iranianos entendem que o tema nuclear é um problema muito maior para nós que a questão das armas químicas, que a ameaça contra Israel de um Irã nuclear é muito mais próximo de nossos interesses", afirmou o presidente. "Uma corrida nuclear na região seria algo profundamente desestabilizador", acrescentou o Obama.
Os Estados Unidos romperam relações diplomáticas com o Irã em 1980, pouco depois da proclamação República Islâmica e do ataque à embaixada americana em Teerã. A ocupação da embaixada se estendeu por 444 dias e 52 pessoas foram feitas reféns, muitos deles de nacionalidade americana. "Acho que o novo presidente não vai tornar de repente as coisas mais fáceis.
Mas minha opinião é que se você tem uma ameaça factável da força, junto com um esforço diplomático rigoroso, pode-se chegar a um acordo", concluiu o presidente. Nesta semana, Rohani disse que Teerã quer uma "solução" rápida para a crise provocada por seu programa nuclear "no marco das normas internacionais".
Em uma visita a Moscou, onde Rohani se reuniu com o presidente russo, Vladimir Putin, ambos defenderam o direito do Irã a enriquecer urânio. "Partimos do fato de que o Irã, como qualquer outro Estado, tem direito ao uso pacífico da energia nuclear, incluído o enriquecimento", disse.
O Grupo 5+1 (formado pelos países com cadeira permanente no Conselho de Segurança mais a Alemanha) segue esperando que o Irã dá uma resposta concreta à oferta feita em fevereiro de suspender o enriquecimento de urânio a 20% e reduzir a capacidade da usina de processamento nuclear de Fordo.
Segundo informaram fontes diplomáticas iranianas à agência oficial russa "RIA Novosti", o ministro iraniano de Relações Exteriores, Mohammed Yavad Zarif, irá se reunir com os mediadores internacionais do Grupo 5+1 em 26 de setembro durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
Além disso, a agência nacional de notícias iraniana anunciou neste domingo que Rohani, um clérigo considerado moderado, vai se encontrar com o ministro britânico das Relações Exteriores do Reino Unido, William Hague, também durante a Assembleia Geral da ONU.