Londres - Prática de mutilação conhecida como ‘passar mama’, considerada tradicional no país, a queima com objetos aquecidos dos seios de meninas entre 10 anos para disfarçar o início da puberdade em Camarões começa a ser combatida pela ONU. A organização internacional estima que 3,8 milhões de adolescentes no país africano já foram afetadas pela bárbara prática. O costume visa a atrasar os sinais de que a menina está se tornando mulher e com isso desviar a atenção masculina, prevenindo contra estupro e gravidez precoce.
Ontem, o assunto foi tema de uma conferência em Londres, e a suspeita é de que o ‘passar mama’ esteja sendo praticado por milhares de camaroneses que vivem no Reino Unido.
Reportagem publicada pelo jornal inglês ‘The Independent’ ontem mostrou que há dois anos uma mulher natural do país africano foi presa em Londres, acusada de mutilar os seios da filha de 10 anos. Mas por falta de provas ela acabou sendo liberada.
Margaret Nyuydzewira, cofundadora de uma ONG que combate abusos crianças, reconheceu na conferência ser difícil a luta contra a mutilação. “O ‘passar mama’ é uma prática que acontece na intimidade das casas das pessoas. Tenho certeza de que está acontecendo aqui, mas as pessoas não estão dispostas a falar sobre isso. É como a mutilação genital feminina: você sabe que está acontecendo, mas você não vai vê-lo”, afirmou.
A ONU identificou o costume de mutilar seios em Camarões como um dos cinco crimes esquecidos contra as mulheres. Além de ser doloroso, expõe as meninas a problemas de saúde, como abscessos, cistos, infecção, danos aos tecidos e até mesmo o desaparecimento de uma ou de ambas as mamas.