Por tamyres.matos

São Paulo - Uma dançarina da Moldávia que estava ao lado da ponte de comando do navio Consta Conordia no momento em que ele colidiu com um recife próximo a uma ilha na Itália, deixando 32 mortos, afirmou durante o julgamento do capitão Francesco Schettino que os dois eram amantes.

Domnica Cemortan também afirmou à Corte italiana nesta terça-feira que ela embarcou no navio como uma passageira não pagante horas antes do naufrágio na ilha de Giglio, dizendo que "quando você é amante de alguém, ninguém pede seu cartão de embarque". Ela desconsiderou o comentário, dizendo ao seu tradutor que se tratava de uma brincadeira.

Domnica afirmou que havia trabalhado no Concordia por três semanas em dezembro de 2011. Ela tentou se esquivar da questão de saber se ela estava envolvida com Schettino, e só respondeu afirmativamente depois que as autoridades afirmaram que ela corria riscos de ser acusada criminalmente ao se recusar a responder.

Schettino enfrenta várias acusações por homicídio culposo e por abandonar o navio e pode ser sentenciado a 20 anos de prisão em caso de condenação.

Na noite do naufrágio do Costa Concordia, Domnica jantou com o capitão antes que ele a convidasse para ir com ele até a ponte de comando para observar o que seria uma passagem bem perto da pequena ilha de Giglio, na Toscana. Na época do naufrágio, Domnica atraiu atenção da imprensa local, que especulou que a presença de Domnica poderia ter distraído o capitão.

O tribunal deve colher evidências de cerca de mil passageiros sobreviventes e tripulantes no julgamento de Schettino. Em um depoimento mais cedo, um membro da tripulação afirmou à corte que ele havia pedido ao capitão que passasse mais perto da ilha da Toscana como uma homenagem, porque ele possuía familiares no local.

O capitão atendeu ao pedido em 6 de janeiro, mas ficou aparentemente desapontado com o resultado, ordenando o timoneiro a fazer uma passagem ainda mais próxima da ilha na próxima vez. Uma semana depois, o navio colidiu com o recife após se aproximar demais da ilha de Giglio, com 3.206 passageiros e 1.023 tripulantes a bordo.

O capitão reconheceu sua falha na tragédia, mas seus advogados argumentam que o navio naufragou em parte porque algumas portas estanques não funcionaram como deveriam. Ele também afirmou ao tribunal em setembro que o timoneiro da Indonésia foi o responsável por ter lançado o navio sobre as rochas e ignorado suas ordens para diminuir a velocidade.

Entretanto, um especialista naval italiano disse no julgamento que esses fatores não eram cruciais e que o acidente teria acontecido de qualquer maneira. O timoneiro, Jacob Rusli Bin, foi condenado a um ano e oito meses de prisão em um processo separado.

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