Por clarissa.sardenberg

Nações Unidas - O presidente da Assembleia Geral da ONU, o antiguano John Ashe, anunciou nesta quinta-feira um grupo de assessores que deverão apresentar novas ideias para tentar destravar as negociações para a reforma do Conselho de Segurança.

O grupo de assessores está formado pelos embaixadores de Brasil, Bélgica, Liechtenstein, Papua Nova Guiné, San Marino e Serra Leoa, detalhou Ashe durante um debate no plenário da Assembleia.

O diplomata antiguano detalhou que a escolha dos seis assessores não foi feita a partir de critérios geográficos e esclareceu que não têm mandato para negociar nem para elaborar projetos de resolução ou declarações de nenhum tipo.

Sua missão é apresentar ideias que ajudem no novo período de negociações intergovernamentais que deverá começar a partir do 15 de novembro na Assembleia, sob os auspícios do embaixador do Afeganistão, à frente outro ano mais do comitê negociador.

"Quando não há vontade de alcançar compromissos as negociações sempre estão condenadas ao fracasso", advertiu Ashe, que convidou todos os países a sentar-se à mesa com um "verdadeiro espírito negociador".

No debate também discursou o embaixador japonês, Motohide Yoshikawa, em nome do chamado Grupo dos Quatro (G4) países que aspiram se transformar em membros permanentes do Conselho: Alemanha, Brasil, Índia e Japão.

"Só um Conselho de Segurança reformado que reflita a realidade contemporânea será capaz de enfrentar os desafios do século 21", ressaltou o diplomata japonês, que defendeu uma expansão dos membros permanentes e não-permanentes desse órgão da ONU.

Yoshikawa disse que o G4 está preparado por empreender "ações coletivas" que ajudem a preparar o caminho dessa reforma e confiou que a designação do grupo de assessores permita passar das conversas a negociações baseadas em documentos concretos.

"Estamos dispostos a contribuir ativamente neste processo a partir de um espírito de flexibilidade e encorajamos os demais a mostrar o mesmo espírito de compromisso durante as negociações", acrescentou o embaixador japonês.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas está composto desde sua fundação 15 membros, dos quais cinco (França, China, Reino Unido, Estados Unidos e Rússia) são permanentes e contam com poder de veto.

Os outros dez membros não-permanentes são escolhidos pela Assembleia Geral por um período de dois anos e se repartem de acordo com os grupos regionais que formam o órgão legislativo das Nações Unidas.

A ONU tentou em diversas ocasiões desde 1979 realizar negociações para modificar os métodos de trabalho e a composição do principal órgão, que ainda é um reflexo da situação geopolítica no final da Segunda Guerra Mundial.

As diferentes reformas baralhadas incluem, entre outras coisas, aumentar até 24 os integrantes do Conselho, novos membros permanentes ou ampliar a participação de grupos regionais como a África, Ásia e América Latina.

A reforma do Conselho é uma das grandes aspirações dos países emergentes que formam o Brics (Brasil, Índia, China, Rússia e África do Sul), que buscam maior representação nos fóruns internacionais.

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